Caçando o problema: estudo sobre jovens, vítimas de assalto, define alto risco como uma mistura de agressão e porte de arma

julho 10, 2013
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23 por cento dos jovens feridos em assalto, e levados para a emergência de um hospital na cidade, relataram possuir uma arma de fogo, a maioria ilegalmente – apresentando oportunidades importantes na prevenção da violência

O novo estudo descobriu que 23 por cento dos adolescentes tratados em salas de emergência para acidentes assalto relacionadas possuía uma arma nos últimos 6 meses - mais de 80 por cento deles obtidos ilegalmente. (banco)O novo estudo descobriu que 23 por cento dos adolescentes tratados em salas de emergência para acidentes assalto relacionadas possuía uma arma nos últimos 6 meses – mais de 80 por cento deles obtidos ilegalmente. (banco)ANN ARBOR—Eles são jovens. Eles já foram feridos em um assalto – tão gravemente, que foram parar em uma sala de emergência. E aproximadamente um a cada quatro deles possue uma arma, e provavelmente uma arma ilegal. O que acontece em seguida?

Um novo estudo do Centro de Lesões da Universidade de Michigan fornece dados que podem ser importantes para quebrar o ciclo da violência armada, que mata mais adolescentes e jovens adultos do que qualquer outra causa, exceto os acidentes automobilísticos.

Na nova edição da revista acadêmica Pediatrics, a equipe do Centro de Lesões da U-M reporta dados de entrevistas com 689 adolescentes e jovens adultos que foram levados para a Emergência em Flint, Michigan, para tratamento de lesões resultados de um assalto.

Ao todo, 23 por cento dos pacientes relataram ter possuído ou carregado uma arma nos últimos seis meses – e mais de 80 por cento dessas armas foram obtidas ilegalmente. Dos entrevistados com armas, 22 por cento disseram que a arma era automática ou semi-automática e altamente. O estudo excluiu armas usadas para a prática recreativa e caça ao alvo.

Os entrevistados, donos de armas, também demonstraram maior envolvimento em brigas sérias, nos últimos meses, do que os que não possuiam armas. Eles demonstaram ser mais propensos ao uso de drogas ilegais ou abuso de drogas com prescrição e ao concordar com represálias após uma lesão.

“Este estudo identifica uma população de alto risco, jovens vítimas de assalto, que não tinha sido estudada desta forma anteriormente,” diz o autor principal e médico Patrick Carter, professor clínico e pesquisador do Departamento de Emergêngia Médica da Escola de Medicina da U-M e da Divisão de Abuso de Substâncias, do Departamento de Psiquiatria.

“As altas taxas do uso de substância, as lutas e as atitudes favorecendo as represálias, combinadas com o fato de que muitos destes jovens tinham armas de fogo, aumentam o risco de violência com armas de fogo no futuro, como também de ferimentos ou morte. Mas, nossas descobertas também fornecem uma oportunidade para as intervenções na saúde pública que possam diminuir esse risco de violência com armas de fogo no futuro.”

Embora o estudo não avalie a possibilidade de usar a visita à emergência como um “momento de aprendizado” para ajudar os jovens em risco a entenderem as potenciais consequências da violência armada, essas abordagens têm sido usadas, com sucesso, em certas situações incluindo violência entre os jovens e uso de substância. O estudo pode levar a testes de uma nova abordagem para ajudar jovens adultos e adolescentes a evitarem a violência relacionada com armas de fogo no futuro.

Os dados do novo estudo foram reunidos como parte de um projeto financiado pelo Instituto Nacional de Saúde, liderado pela médica Rebecca Cunningham, diretora do Centro de Lesões da U-M e professora associada da Medicina de Emergência.

Cunningham, que é a autora sênior do novo estudo, também trabalha na Escola de Saúde Pública da U-M e é Diretora Associada do Centro Juvenil de Prevenção à Violência de Flint, que trabalha com líderes da comunidade local para reduzir a violência através de vários programas de base comunitária.

O estudo coletou entrevistas com centenas de adolescentes e jovens adultos que foram tratados no Departamento de Emergência do Centro Médico Hurley, em Flint, um centro de trauma urbano com bastante movimento, onde os médicos da Emergência da U-M e os moradores fazem parte da equipe de atendimento.

Flint tem a maior taxa de crimes violentos de qualquer outra cidade americana com população superior a 100.000 pessoas, de acordo com o Federal Bureau of Investigation – incluindo 1.930 assaltos graves relatados em 2012.

Mas Carter observa que os fatores de risco, vistos entre os pacientes da Emergência do Centro Hurley provavelmente não são exclusivos para Flint e possivelmente podem representar outras cidades com altos índices de violência armada. Ele espera que outros pesquisadores examinem populações de alto risco semelhantes em outras cidades para confirmar as descobertas do estudo.

Carter observa que estudos anteriores documentaram porte ou acesso de armas entre os pacientes da Emergência, mas esses estudos não têm examinado especificamente jovens feridos durante um assalto, que são conhecidos por terem maior risco de resultados negativos de saúde.

Outras pesquisas sobre porte de armas, feitas em escolas, deixam de fora aqueles jovens que não estão mais na escola ou que não estão frequentando as salas de aula.

É isso que torna o novo estudo tão crucial para o eventual desenvolvimento de intervenções baseadas na Emergência, diz ele. Por exemplo, mais de um terço dos jovens pacientes do estudo disseram que tinham armas para a própria proteção – mas as chances deles terem se envolvido em um incidente violento com arma de fogo com um colega ou parceiro nos últimos meses eram maiores. Mais de metade dos pacientes entrevistados disseram que eles teriam pouca ou nenhuma dificuldade para obter uma arma, caso quissessem uma.

“Jovens que procuram atendimento médico depois de um assalto fornecem uma janela de acesso à uma população de alto risco, que tem armas de fogo e corre risco de violência e lesões futuras”, explica. “A questão é, como nós poderíamos aproveitar essas visitas à emergência de um hospital para incorporar melhores intervenções de segurança de arma de fogo e diminuir o risco no futuro? Este estudo fornece um primeiro passo para compreender os modificáveis fatores de risco da violência armada desta população, no entanto mais pesquisa e dados adicionais são necessários para efetivamente resolver o problema de saúde pública da violência armada.”