ANN ARBOR—Quando os pais usam as palmadas como corretivo de comportamento, seus filhos são mais propensos a se tornarem vítimas de abuso físico, dizem pesquisadores da Universidade de Michigan.

Um novo estudo da U-M analisou a conexão entre as palmadas e abuso físico em 56 países de baixa e média renda, bem como examinou até que ponto o abuso físico poderia ser reduzido se as palmadas fossem eliminadas.

Para este estudo internacional, os pesquisadores definiram a palmada como um golpe com a mão aberta no traseiro da criança, não com um objeto como um cinto ou bastão. Uma situação se torna “fisicamente abusiva” quando os pais batem na criança ou batem na cabeça ou no rosto.

A lei e as culturas internacionais variam quanto ao tipo de castigo físico que os pais podem infligir a seus filhos. 

Julie Ma, principal autora do estudo e professora associada de serviço social da UM-Flint, disse que normalmente a aplicação da lei não interviria em casos de espancamento, mas poderia em casos de abuso físico em que a criança corre maior risco de lesão.

Os pesquisadores usaram dados nacionalmente representativos de mais de 156.000 crianças, de 1 a 4 anos, nas Pesquisas por Agrupamento de Indicadores Múltiplos do UNICEF. A amostra variou de 109 crianças em St. Lucia, no Caribe, a 13.077 crianças na Nigéria.

As palmadas, os resultados indicam, foram associadas a maiores chances de abuso físico. Quando traduzidas para uma amostra hipotética de 100 crianças, cerca de 32 delas levavam palmadas. Entre essas 32 crianças, sete relataram ter sofrido abuso físico. A eliminação dessas palmadas resultaria em quatro crianças a menos que foram expostas ao abuso físico, mostram os resultados.

A probabilidade de abuso físico diminuiu 14% ao comparar crianças que apanhavam (22%) com aquelas que não eram (8%).

Mais organizações pedem a eliminação de todas as formas de violência contra crianças, mas as últimas descobertas apoiam ainda mais que os defensores do bem-estar infantil devem continuar a desencorajar pais e cuidadores de usarem palmadas, o que também reduziria o abuso físico, dizem os pesquisadores.

Os resultados aparecem em Child Abuse & Neglect.
Estudo: The association between spanking and physical abuse of young children in 56 low- and middle-income countries