Cada vez mais, homens com baixo risco de morrer vítimas de câncer de próstata, estão optando por tatamentos avançados

julho 5, 2013
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Apesar do improvável benefício, mais pacientes estão recebendo procedimentos avançados de tratamento do câncer de próstata, de acordo com um novo estudo da Universidade de Michigan, no JAMA

Um retrato de um homem mais velho. (banco)ANN ARBOR—Apesar das opções dos tratamentos avançados oferecerem poucos ou nenhum benefício para homens com baixo risco de morrer de câncer de próstata, cada vez mais, pacientes estão optando por esses procedimentos.

Um novo estudo do Centro Compreensivo de Câncer da Universidade de Michigan analisou dados do Medicare (Sistema de Seguros de Saúde gerido pelo governo americano) entre 2004 e 2009, de homens com câncer de próstata, cuja doença apresentava baixo risco, ou de pacientes que apresentavam um alto risco de morrer de outras causas. Os pesquisadores descobriram que, cada vez mais, esses homens optam por passar por tratamentos avançados, como a radioterapia de intensidade modulada e a prostatectomia robótica.

Entre os homens com baixo risco da doença, o uso de tratamentos avançados aumentou de 32 por cento para 44 por cento, segundo o estudo. Da mesma forma, em homens com alto risco de mortalidade por outras doenças, o uso desses procedimentos aumentou de 36 por cento para 57 por cento.

Os resultados do estudo, que foram publicados on-line nesta terça-feira, 25 de junho, no Journal of the American Medical Association, sugere que os potenciais tratamentos excessivos do câncer de próstata estão aumentando, mesmo em um momento de maior consciência sobre a natureza, às vezes, indolente da doença, diz o autor sênior e médico Brent Hollenbeck, professor associado do Departamento de Urologia da U-M.

Pacientes que se submetem a tratamentos mais agressivos, em vez do tratamento conservador (espera vigilante ou observação) são mais propensos a experimentar efeitos colaterais e problemas de qualidade de vida a longo prazo decorrentes do tratamento,” diz Hollenbeck.

“Mesmo durante um período de maior consciência sobre os tratamentos excessivos, parece que o uso dessas tecnologias ganhou popularidade”, diz Hollenbeck. “Estes procedimentos não só oferecem benefícios muito limitados para este grupo de pacientes em termos de sobrevivência, mas também são significativamente mais caros do que as opções de tratamentos prévios, ampliando as consequências econômicas desse potencial tratamento excessivo.”

Hollenbeck diz que há várias dinâmicas que podem explicar os resultados. Pacientes e médicos ficam, muitas vezes, hesitantes em embarcar em um plano de tratamento de observação, quando um procedimento avançado pode curar a doença, diz ele. Além disso, o stress e a ansiedade de viver com câncer podem ser esmagadores para alguns pacientes.

“Embora essas preocupações sejam válidas, os resultados dos homens com a doença de baixo risco, que seguem um plano de observação ao contrário do tratamento processual, são bem estabelecidos,” diz Hollenbeck. “Além disso, os incentivos financeiros para fazer esses procedimentos, por meio de reembolsos de taxa de serviço, podem ser simplesmente fortes demais para descartar.”

Mais pesquisa e mudanças de política são necessárias para alterar os atuais padrões de tratamento de homens de baixo risco de morrer vítimas de câncer de próstata, diz Hollenbeck. Ele aponta para a Terapia de Vigilância contra Tratamento Radical, (Surveillance Therapy Against Radical Treatment ou START), uma pesquisa experimental como valiosa ferramenta que vai explorar mais, a eficácia da radiação, da cirurgia e da vigilância ativa para o câncer de próstata de baixo risco.

Embora rescindido devido à pequena contribuição, os resultados desse estudo não são esperados por outros cinco a 10 anos. Nesse ínterim, Hollenbeck sugere que mudanças no sistema de execução e pagamento possam ser eficazes.

“Nós precisamos de mudanças de política que ajudam a reduzir o uso excessivo de tecnologias avançadas no tratamento entre os pacientes que tem menos chance de se beneficiarem”, diz ele. “Por exemplo, designs de seguros baseados em “valores” (Value-Based Insurance) desencoraja a utilização dos serviços quando seus benefícios não cobram os custos. Coisas assim podem ajudar a eliminar o excesso na utilização de tratamentos avançados quando os pacientes têm pouco a ganhar.”