Como nos dar conselhos tão bons quanto damos aos outros

junho 10, 2014
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Uma mulher mais velha balança a dedo e aconselha. (imagem)ANN ARBOR — A maioria de nós acredita ser mais fácil ter sabedoria para resolver os problemas dos outros do que os nossos próprios. Mas um novo estudo identifica uma maneira simples de acabar com esta separação.

A pesquisa, conduzida pelos psicólogos sociais Ethan Kross, da Universidade de Michigan, e Igor Grossmann, da Universidade de Waterloo, em Ontário, mostra que a solução é auto-distanciamento — tentar considerar seus problemas do ponto de vista de um observador. O estudo aparece na atual edição da revista Psychological Science.

Grossmann e Kross pediram aos participantes do estudo para refletirem sobre um conflito de relacionamento próprio ou de uma outra pessoa, tal como a infidelidade de cônjuges com um amigo próximo. Os participantes foram convidados a pensar sobre esse problema em primeira pessoa e depois em terceira pessoa e oferecer conselhos sobre como resolver o problema.

De acordo com Grossmann, os resultados mostram claramente que quando as pessoas pensam sobre os problemas em primeira pessoa, elas tem mais sabedoria ao resolver um problema que não é seu, um preconceito que os pesquisadores chamam de “Paradoxo Solomon,” baseado no rei do Velho Testamento, que era conhecido por sua sabedoria, mas que ainda falhava na hora de tomar decisões pessoais.

O atual estudo se baseia na pesquisa anterior de Kross e em outros trabalhos sobre o impacto que o “próprio falar” tem sob o “auto-controle.” Em um estudo recente, por exemplo, Kross e seus colaboradores descobriram que as pessoas que falavam de si próprios como se fossem uma outra pessoa, relatavam menos vergonha e preocupação do que aqueles que falavam para si mesmos usando a primeira pessoa. Eles também se demosntravam mais confiantes, menos nervosos e mais persuasivos.

“Quando as pessoas se distanciam, eles são capazes de raciocinar melhor sobre seus próprios problemas como também sobre os problemas dos outros,” disse Kross, professor associado do Departamento de Psicologia e do Instituto de Pesquisas Sociais da U-M.

Kross e Grossmann dizem que é fácil fazer esse “distanciamento próprio”.

“Nós só pedimos a nossos participantes para usar seu próprio nome e outros pronomes que não fossem em primeira pessoa, como “você” por exemplo, quando eles estivessem pensando sobre si mesmos,” disse Kross. “Em vez de dizer, ‘porque estou me sentindo assim?’, adotar uma perspectiva distanciada se perguntando, ‘por que está se sentindo assim?’.

Grossmann e Kross também examinaram como a idade afeta a capacidade das pessoas na hora de tomar decisões sábias.

“A crença de que a sabedoria vem com a idade não é verdadeira quando se trata do raciocínio sobre nossos próprios problemas pessoais,” disse Kross. “As pessoas mais velhas podem ter mais sabedoria quando dão conselhos aos outros, mas não necessariamente quando precisam decidir o que fazer. Mas se adotarem essas técnicas de auto-distanciamento, elas podem ser tão eficazes quanto as pessoas mais jovens para eliminarem esta lacuna na sabedoria.”