Estresse e compulsão alimentar podem começar na primeira infância

março 13, 2018
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Ilustração de junk food. Crédito da imagem: Kaitlyn Beukema

ANN ARBOR—O link entre as emoções e a alimentação já está bem estabelecido, mas uma nova pesquisa da Universidade de Michigan mostra que crianças de até 4 anos que experimentam estresse comem mais mesmo sem fome, dando início a um ciclo que pode significar quilos extras ao longo do caminho.

“Nós sabemos de estudos anteriores que mostram que as pessoas que enfrentam experiências de vida extremamente adversas e sofrem estresse na infância têm uma tendência ao excesso de peso e, consequentemente à obesidade. Porém sabemos pouco sobre o caminho que leva à esse problema,” disse Alison Miller, professora de Educação e Comportamento da Saúde, da Escola de Saúde Pública da U-M.

“Detectamos pequenos aumentos nos comportamentos alimentares ao longo do tempo, relacionados ao estresse durante o período de idade entre 4 e 7 anos de idade. O que é importante é que as crianças que comem com exagero assim desde muito cedo, na infância, têm um risco maior de ganhar peso ao longo da vida, aumentando o risco de problemas para a saúde.”

Em seu estudo, Miller e colaboradores descobriram que uma maior exposição ao estresse está correlacionado com o aumento na alimentação mesmo na ausência de fome, mas ao contrário de pesquisas anteriores, este estudo focou no comportamento ao longo do tempo.

Os pesquisadores seguiram 207 crianças de baixa renda entre 2009 e 2015, registraram exposições ao estresse e observaram seus comportamentos alimentares.

Os pesquisadores definem o estresse da vida inicial como ambientes domésticos caóticos e a exposição a outros eventos negativos da vida, como testemunhar violência/trauma ou sofrer privação material. As crianças que vivem na pobreza, por exemplo, são extremamente vulneráveis ​​à exposição à violência, à escassez de alimentos e à preocupação com recursos limitados. Esses estresses podem resultar em efeitos neurobiológicos, cognitivos, sociais, emocionais, comportamentais e de saúde física.

“Observamos que as crianças que tiveram níveis mais altos de estresse comeram mais, mesmo sem fome, conforme relato dos pais,” disse Miller. “É muito importante focarmos em um padrão de consumo alimentar como um mecanismo de enfrentamento do estresse em crianças pequenas.”

Miller disse que a resposta da saúde pública deve ser a detecção desses riscos durante as consultas de saúde logo no início da vida, a abordagem de questões comunitárias como a escassez de alimentos, o incentivo à atividade física, o apoio dos pais para que eles possam promover hábitos saudáveis ​​e trabalhar para melhorar as habilidades de regulação do estresse durante a infância.

“Uma maneira de fazer isso é ensinar maneiras de enfrentamento, de auto controle e de como manter a calma, para interromper o vínculo entre experiências estressantes e comportamentos de saúde inadequados,” disse ela.

Estudo
Alison Miller
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