Estudo mostra ligação entre a exposição ao BPA e o desenvolvimento do câncer

fevereiro 3, 2014
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ANN ARBOR — Em um dos primeiros estudos a mostrar uma associação significativa entre o BPA e o desenvolvimento do câncer, pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Michigan encontraram tumores no fígado de ratos expostos aos produtos químicos através de suas mães, durante a gestação e a amamentação.

“Nós descobrimos que 27% dos ratos expostos a uma das três doses diferentes de BPA através da dieta de suas mães desenvolveram tumores no fígado e algumas lesões pré-cancerosas. Quanto maior a dose, maior a probabilidade deles apresentarem tumores,” disse Caren Weinhouse, estudante de doutorado no Departamento de Ciências de Saúde Ambiental da Escola de Saúde Pública da U-M e primeira autora do artigo, que será publicado on-line no Environmental Health Perspectives, dia 3 de fevereiro.

Ratos cujas mães receberam a maior dosagem, 50 mg de BPA por kg de dieta, apresentaram uma probabilidade sete vezes maior em ter tumores do que aqueles cujas mães não foram expostas ao BPA.

Os investigadores disseram que mais pesquisas são necessárias para determinar as implicações para a saúde humana.

“Este atual estudo, mostrando tumores em fígados de ratos, nos diz ‘vamos dar uma outra olhada no BPA e no câncer em seres humanos’,” Weinhouse disse, acrescentando que agora, o laboratório irá procurar biomarcadores nos genes dos ratos que podem sinalizar risco para a doença antes que ela se desenvolva e então tente ver se as características similares são encontradas em seres humanos.

Bisfenol A, ou BPA, é um produto químico mais comumente encontrado em plásticos, recibos de caixa registradora e revestimento das latas de comida. Anteriormente era usado em garrafas de plástico dura, incluindo mamadeiras, mas muitas empresas têm retirado o material por preocupação porque seus efeitos na saúde têm sido levantados nos últimos anos. Estudos estimam que pelo menos 90 por cento dos americanos têm algum nível de BPA no corpo deles.

Pesquisas anteriores encontraram lesões pré-cancerosas associadas com a exposição ao BPA, mas o estudo da U-M é a primeira descoberta estatística significativa de tumores clinicamente evidentes em qualquer órgão, disse Dana Dolinoy, professora assistente de Ciências da Saúde Ambiental e uma das principais autoras do estudo. Especificamente, os pesquisadores descobriram que adultos filhos de mães expostas tiveram um aumento em tumores no fígado.

Dolinoy disse que outra descoberta interessante de sua pesquisa é que o desenvolvimento do tumor não foi distinguido por sexo.

“Em geral, as fêmeas têm um menor risco de desenvolvimento espontâneo do câncer de fígado,” ela disse. “Aquela distinção foi excluída neste estudo, com ambos, machos e fêmeas apresentando tumores.”

Os pesquisadores alimentaram ratos fêmeas, com 6 semanas de vida, com dietas contendo uma das três doses de BPA ambientalmente relevantes antes do acasalamento e, em seguida, ao longo da gravidez e amamentação. Então pegaram um macho e uma fêmea de cada ninhada e os acompanharam por 10 meses.

Outro ponto de interesse na pesquisa deles, disse Dolinoy, é que a maioria dos outros estudos em pequenos animais tem envolvido exposição direta ao BPA. Nesta pesquisa, foram as mães que foram expostas antes da concepção. Portanto, a prole foi exposta enquanto fetos em desenvolvimento e filhotes, não como adultos.

“Um estudo anterior que expôs ratos adultos a doses muito elevadas de BPA não mostrou o mesmo link para o desenvolvimento de câncer,” ela disse. “Isto nos diz que o tempo de exposição e a dosagem são extremamente críticos na hora de avaliar os resultados do estudo.”

Há um ano, o laboratório de Dolinoy encontrou BPA em tecido hepático fetal humano, demonstrando que existe uma exposição considerável ao produto químico durante a gravidez. Nesse estudo, eles também encontraram, proporcionalmente, uma maior concentração de BPA livre – em oposição a formas conjugadas modificadas pelo organismo para eliminação – mostrando que a capacidade dos fetos em liberar a química do corpo não é a mesma dos adultos.

O atual estudo foi apoiado pelo Centro de Pesquisa em Obesidade e Nutrição de Michigan, Instituto Nacional de Saúde, Centro de Excelência do Núcleo de Ciências do Instituto Nacional de Saúde Ambiental, do Centro Formativo de Saúde Ambiental para Crianças e um subsídio do NIEHS, Centro de Formação Institucional.

Outros autores foram Olivia Anderson e Ingrid Bergin da U-M e David Vandenbergh Joseph Gyekis, Marc Dingman e Jingyun Yang, da Universidade Estadual da Pensilvânia.