Ex-embaixador discute eleições no Brasil

outubro 16, 2018
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Fernanda Pires
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ANN ARBOR—O candidato à presidência do Brasil Jair Bolsonaro (PSL) ganhou em 23 capitais no primeiro turno das eleições, no dia 7 de outubro. O segundo turno entre ele e o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, será realizado em 28 de outubro de 2018.

Melvyn Levitsky.

Melvyn Levitsky.

Melvyn Levitsky, é ex-embaixador e iniciou sua carreira diplomática como cônsul na cidade de Belém, no nordeste brasileiro, no final dos anos 60. Em 1994, ele retornou aos Estados Unidos para servir como embaixador durante o governo Clinton.

Ele é professor de Política e Prática Internacional na Escola de Política Pública Ford e discutiu os resultados do primeiro turno das eleições brasileiras:

“A projeção era que Jair Bolsonaro liderasse os resultados das eleições do primeiro turno, mas ele superou a margem de votos em uma porcentagem considerável sobre o segundo colocado, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.

A popularidade de Bolsonaro é amplamente baseada na insatisfação pública com uma série de problemas no país como corrupção generalizada, governo disfuncional, tráfico de drogas e crime, controle de gangues de grandes áreas urbanas, ineficiência policial para a qual ele criou soluções simplificadas, muitas vezes violentas e às vezes ilegais.

Ter sido esfaqueado certamente não prejudicou sua imagem como salvador do Brasil. Ele também tem um discurso ultranacionalista, parecido com o do presidente americano Donald Trump, enfatizando as questões que embaraçam o Brasil e explicando como ele também planeja fazer com que o ‘Brasil seja um bom país’ e ‘vamos nos orgulhar da nossa terra natal mais uma vez!’

Bolsonaro parece estar em uma onda global de movimentos populistas e nativistas baseados no descontentamento geral; com testemunhos vindos de lugares como Polônia, Hungria, Romênia, Filipinas, Rússia e Estados Unidos. Haddad, que visita o ex-presidente Lula na prisão toda semana, conta com os votos da esquerda que impulsionaram Lula à presidência. Essa tática tem um limite.

O Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula perdeu sua reputação de honestidade e eficiência por meio dos inúmeros escândalos envolvendo o próprio Lula, alguns de seus nomeados e os de sua sucessora destituída, Dilma Rousseff.

Bolsonaro pode ganhar. A questão é como ele vai governar? Seu partido é pequeno, então ele terá que construir uma coalizão.

Está claro que ele reconhece isso. Suas primeiras palavras após a eleição de 7 de outubro pareciam se concentrar em moderar sua imagem e diminuir o fogo e o enxofre de sua campanha. Teremos uma indicação de seu estilo de governo no conteúdo de sua campanha durante o segundo turno.”