Imagem corporal negativa e vida sexual menos ativa após episiotomia

abril 25, 2017
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Casal jovem com o bebê olhando triste. (Imagem)ANN ARBOR—Baixa auto estima em relação ao próprio corpo e menos satisfação na vida sexual para as mulheres que sofreram episiotomia durante o parto.

O estudo da Universidade de Michigan desafiou a ideia convencional de que uma episiotomia produz um reparo mais estético e visualmente agradável do que o rompimento natural durante o parto.

Uma episiotomia, corte entre a vagina e o ânus dado supostamente para facilitar a saída do bebê durante o parto, era comumente ensinado e realizado até o final dos anos 1980. Pesquisa tem dissuadido qualquer benefício de saúde da episiotomia, e este é um dos primeiros estudos conhecidos a avaliar as percepções das mulheres em relação à estética e o apelo visual depois do procedimento, disse Ruth Zielinski, professor clínico da Escola de Enfermagem.

“Nacionalmente, cerca de 12% das mulheres grávidas ainda recebem episiotomia, mas há grande variação na prática entre hospitais e fornecedores,” Zielinski disse. “O que é muito relativo, para mim é que nós exportamos a prática para os países em desenvolvimento onde a taxa é extremamente alta, especialmente para as mães de primeira viagem”.

O objetivo deste estudo foi avaliar a imagem do corpo genital e a estima sexual após o parto, e se as mudanças na região genital foram associadas com baixa estima sexual. Das 69 mulheres do estudo, 84% delas sofreram alterações vaginais e retais no parto. Deste total, as mulheres que passaram pela episiotomia tiveram uma experiência desfavorável, com imagem mais negativa do órgão genital e da auto-estima sexual. O estudo foi feito com mulheres grávidas pela primeira vez e todas foram recrutadas por terem alto risco de rompimento dos músculos.

A presença de um corte cirúrgico e suturas chamam mais atenção para a área, e o aumento da dor durante a recuperação pode ajudar a explicar os resultados, segundo a co-autora do estudo Lisa Kane Low, professora de enfermagem.

Presta-se muita atenção para o corpo da mulher durante e após a gravidez — o peso do bebê, as estrias — mas as mulheres também se preocupam com as mudanças na região genital, tais como rompimentos dolorosos, alongamento dos músculos Kegel, ou deformação dos lábios vaginais. No entanto, a discussão sobre a imagem geral do corpo e a imagem específica genital ainda não evoluiu de uma maneira saudável, disse Zielinski.

“Esta parece ser a pesquisa que estava faltando, mas a mídia certamente tem dado atenção ao assunto de uma maneira que é preocupante — com piadas em filmes sobre frouxidão vaginal após o parto e em sites de cirurgia plástica, que oferecem soluções para os ‘problemas’ causadas pelo parto vaginal,” ela disse.

Com certeza estes procedimentos cosméticos estão ficando mais populares: um relatório recente da Academia Americana de Cirurgiões Plásticos mostrou um aumento de 39% em labioplastia, um procedimento cosmético que envolve remodelando dos lábios através de cirurgia ou pela injeção de cargas.

A boa notícia é que, no geral, mesmo após sofrerem algum rompimento natural, a maioria das mulheres do estudo não relatou uma imagem corporal negativa ou baixa auto-estima sexual, disse Zielinski.

A lição, especialmente para obstetras e parteiras, é que a maioria das mulheres fica bem depois do parto, mas ouví-las é extremamente importante.

“Muitas vezes, as mulheres que acharíamos que estivessem infelizes com seus órgãos genitais podem não estar,” disse Zielinski.

O estudo, “Body after baby: A pilot survey of genital body image and sexual esteem following vaginal birth,” aparece on-line na edição de abril do International Journal of Women’s Health.