Lionel Messi vai remodelar a Major League Soccer nos EUA?
Os Estados Unidos têm uma longa história de recrutamento de estrelas do futebol de outros países. O argentino Lionel Messi, considerado por muitos em todo o mundo como o GOAT do futebol—o maior de todos os tempos—vai vestir a camisa do Inter Miami CF ainda este ano, time do qual David Beckham é co-proprietário.
Stefan Szymanski, professor de gestão esportiva na Universidade de Michigan, discute o impacto potencial de Messi na MLS e no futebol nos EUA.
Por que Messi está vindo para a MLS?
A resposta curta é que sua carreira está perdendo fôlego e ele não pode mais competir no mais alto nível do futebol europeu. A MLS se concentrou em trazer estrelas envelhecidas da Europa desde Beckham, mas Messi é algo mais. Aos 35 anos, é o maior nome do futebol mundial. Beckham e a MLS o cortejam há anos, e ele pensa que pode levar a liga norte-americana a um nível comparável aos melhores torneios europeus.
Você acha que Messi terá uma influência semelhante ou maior na MLS do que Pelé e Beckham?
Pelé foi a primeira estrela do futebol a causar impacto nos Estados Unidos. Ele se juntou ao New York Cosmos em 1975, jogou por três temporadas e se tornou um nome familiar mesmo entre pessoas sem interesse em futebol. Sua fama persistiu muito além de sua carreira, mas a National American Soccer League, na qual ele jogou, foi encerrada em 1984.
Pelé foi o GOAT de sua época; Beckham nunca esteve nessa classe—foi um ótimo jogador, mas não GOAT. Quando Beckham chegou ao LA Galaxy em 2007, foi um ponto de virada na MLS. No início dos anos 2000, a liga quase acabou e, em 2007, você podia comprar uma franquia por apenas US $10 milhões. Uma década e meia depois, a liga triplicou de tamanho e uma franquia de expansão custará US $500 milhões.
O que Beckham trouxe foi uma presença quase universal na mídia, junto com Victoria Beckham, cuja fama era ainda maior naquela época. Nos primeiros anos da cultura emergente da mídia social, o casal de celebridades eram influenciadores por excelência.
Messi pode rivalizar com a influência desses dois, mas muito vai depender da sua forma física e entusiasmo pelo jogo. Ele sempre falou em campo e não fora dele. Muitas estrelas importadas lutam para se adaptar à MLS, então vamos aguardar sua postura. Mas se ele se estabelecer, se acostumar aqui, ver o grande homem pode se tornar o ingresso mais concorrido nos esportes dos EUA.
Por que a MLS precisa de Messi?
O futebol nos EUA agora é um esporte estabelecido—de acordo com uma pesquisa do ano passado, 27% dos americanos disseram que eram fãs de futebol, subindo para 39% na faixa etária de 18 a 29 anos, perdendo apenas para futebol americano e basquete. Os americanos acompanham de perto a Copa do Mundo feminina e masculina, a Liga MX tem muitos seguidores na comunidade hispânica e o futebol da Premier League inglesa (EPL) é muito popular. A MLS tem uma forte base de fãs em algumas cidades, mas luta para alcançar audiências de TV significativas. A MLS espera que Messi aumente a audiência da TV.
Onde a Apple TV se encaixa nisso tudo?
A MLS assinou um contrato de US $2,5 bilhões por 10 anos com a Apple TV no ano passado. Parece muito, mas a NFL ganha cerca de US $10 bilhões por ano, enquanto a EPL ganha mais de US$2,5 bilhões por ano. O acordo foi uma aposta da MLS de que a Apple TV se tornará uma plataforma importante—em 2022, a Apple TV + teria cerca de 25 milhões de assinantes com uma participação de 6% no mercado de streaming. Sua demografia se inclina fortemente para os homens jovens, precisamente o alvo dos esportes. A Apple pode aumentar esse mercado se adicionar mais esportes e, se o fizer, a MLS poderá ser a beneficiária. Mas se a estratégia da Apple não funcionar ou for reduzida, a MLS pode ficar parada.
Poderemos ver o Messi jogar em um estádio perto da gente?
Com 30 times nos Estados Unidos, o Inter Miami de Messi chegará a um estádio perto de você em breve. O problema é que pode ser caro. Neste momento, por exemplo, você pode comprar um ingresso para qualquer jogo do New York Red Bulls entre agora e setembro por cerca de US $30—exceto o jogo contra o Inter Miami em 26 de agosto, onde os ingressos custam a partir de US $250 cada. Parte do problema é que a MLS adotou explicitamente uma política de construir estádios com capacidade para cerca de 20.000 pessoas para não ter muitos assentos vazios. Apenas alguns times como o Atlanta FC jogam em estádios de futebol maiores. E é improvável que a MLS queira realocar os jogos.
A MLS continuará a trazer grandes estrelas internacionais?
Um benefício adicional de Messi para a MLS é que ele provavelmente vai persuadir alguns de seus amigos que também estão perto de se aposentar a jogar por um ou dois anos na MLS, o que pode elevar significativamente o padrão de jogo. Mas o problema da MLS é que ela precisa contratar esses jogadores em um mercado global muito competitivo. Recentemente, vimos a Arábia Saudita gastar uma fortuna para trazer duas outras estrelas envelhecidas para sua liga – Ronaldo e Benzema – e também há uma possível concorrência da China e do Japão. A MLS só terá recursos para pagar a taxa de mercado por talentos se conseguir aumentar significativamente sua audiência na TV. E seu próximo contrato de TV será apenas em 2033.
E quanto à Copa do Mundo?
Em 2026, os EUA sediarão a Copa do Mundo masculina junto com o México e o Canadá. A MLS espera que isso traga um grande impulso para a liga, mesmo que poucos jogos sejam disputados nos estádios da MLS por serem muito pequenos. Se espera que Messi seja a imagem de marketing do evento na preparação, e que a MLS faça uma promoção cruzada da liga por meio de sua conexão com o superastro.