Missão Épica MESSENGER em Mercúrio está próxima ao fim

abril 21, 2015
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Uma ilustração do MESSENGER orbitando Mercúrio. Crédito da imagem: NASAANN ARBOR — Uma nave espacial que transporta um sensor construído na Universidade de Michigan está prestes a colidir com o planeta mais próximo do sol — assim como era a intenção da NASA.

O MESSENGER, lançado da Terra em 2004, já viajou 4,9 bilhões de milhas e está em órbita, próximo a Mercúrio, durante os últimos três anos, possibilitando que os cientistas tenham um olhar sem precedentes, da história do sistema solar e do planeta. A nave vai ficar sem combustível perto de 30 de abril e terminar sua missão com uma explosão.

Sem uma atmosfera espessa para desacelerar a aeronave e incinerá-la parcialmente, MESSENGER vai se manter movendo rapidamente em direção a Mercúrio e estará a uma velocidade de 8.750 mph quando se chocar.

“Para ser honesto, será triste,” disse Jim Raines, cientista assistente do Departamento Atmosférico, Oceânico e Ciências Espaciais da U-M.

Raines é uma das 75 pessoas — entre docentes, engenheiros e estudantes — que estiveram envolvidas ao longo dos anos, na fabricação ou na análise de dados da espaçonave FIPS (Fast Imaging Plasma Spectrometer). O FIPS é um sensor do tamanho de uma lata de refrigerante que identificou quais partículas eletricamente carregadas compõem a ultra fina atmosfera e magnetosfera de Mercúrio.

Como engenheiro do Laboratório de Física Espacial da U-M, Raines ajudou a projetar a FIPS e desde sua graduação, ele trabalha como cientista-pesquisador da missão.

“Eu sou responsável por checar e acompanhar a espaçonave diariamente, desde 2006, portanto há quase 10 anos,” disse Raines. “Vai ser estranho quando a missão terminar.”

FIPS era um projeto totalmente novo, quando os engenheiros o idealizaram. A NASA raramente usa tecnologia não testada em uma nave interplanetária, mas nada que existisse na época poderia medir adequadamente o plasma (um dos estados físicos da matéria, similar ao gás), no ambiente do espaço de Mercúrio.

FIPS ajudou os cientistas a entenderem o que compõe a atmosfera de Mercúrio, e de onde vem essa atmosfera. Descobriu-se que são principalmente, átomos de sódio e oxigênio, que o vento solar lançou em jatos dos planetas polares. A luz ultravioleta do sol então ioniza os átomos — ‘descasca’ os elétrons, então eles ficam eletricamente carregados em vez de neutros. Essas descobertas também mostraram aos pesquisadores, que a magnetosfera de Mercúrio, que pode proteger um pouco o planeta do vento solar, é relativamente fraca.

Mercúrio é um planeta difícil de estudar por estar tão perto do sol —um terço da distância que é da Terra. Isto torna difícil vê-lo da Terra e difícil de alcançar com uma nave espacial devido à forte tração do Sol. Antes de MESSENGER, apenas o Mariner 10, tinha estado por lá, mas não tinha medido nada da sua atmosfera ionizada.

“Agora, nós exploramos o planeta,” disse Thomas Zurbuchen, professor do Departamento de Ciências Atmosféricas, Oceânicas e Espaciais, que liderou a missão na U-M. “Estamos no final de uma missão muito bem sucedida, e não podemos elaborar nada para impedi-lo de fazer o que naturalmente quer fazer. O sol está o empurrando. O planeta também. É física. Tem que bater.”

MESSENGER vai deixar uma cratera em Mercúrio, onde o sol nasce três vezes maior e 10 vezes mais brilhante, mas somente uma vez a cada 176 dias terrestres.

Na Terra, deixa um legado de conhecimento sobre o que o professor Zurbuchen chama de “planeta fóssil.” Sem uma atmosfera para proteger sua superfície de asteroides e sem o deslocamento dos continentes e processos geológicos que rejuvenescem sua superfície, a cada milhões de anos, Mercúrio nos dá uma nova perspectiva sobre o sistema solar.

“Estudamos o planeta Mercúrio, porque faz parte da nossa história,” Zurbuchen disse. “É parte de quem somos e de onde viemos.”