Montando seu currículo? Às vezes, menos é mais
ANN ARBOR—Você coloca todas as suas experiências de trabalho e todos os cursos que fez em seu currículo com a esperança de capturar a atenção de um empregador? Atenção: pesquisas recentes mostram que, às vezes, isso pode não ser uma boa ideia.
Ao listar um curso adicional, por exemplo, com uma média mais baixa, ao lado de uma primeira graduação com nota média alta (Grade Point Average, mais conhecido como G.P.A. em inglês), você pode, surpreendentemente, diminuir a impressão geral de suas conquistas, dizem pesquisadores da Universidade de Michigan e da Universidade de Haifa.
Em outras palavras, quando um currículo é apresentado mais limpo, apenas com as informações relevantes para aquela posição, é beneficial, segundo os pesquisadores. No entanto, quando o mesmo currículo é apresentado e traz um documento adicional com outro “pacote de informações”, pode ser favorável para atrair a impressão desejada.
“Parece contra intuitivo, mas menos é realmente mais, em algumas circunstâncias,” disse Stephen Garcia, professor associado de Psicologia da U-M.
Em sua pesquisa, Garcia e Kimberlee Weaver Livnat, da Universidade de Haifa, mostraram que as pessoas “medem” as informações de um currículo quando as informações são mais claras e sucintas e o candidato “adiciona” as informações extras em outros documentos (como um “extra”). Consequentemente, informações levemente favoráveis e adicionais prejudicam as avaliações em um primeiro momento, mas ajudam no segundo.
Livnat, principal autora do estudo, disse que entender como gerenciar impressões é importante em vários níveis na tomada de decisão organizacional, desde fornecer incentivos aos funcionários até a avaliação de candidatos a emprego.
“Ao projetar uma estratégia de apresentação, é importante entender o contexto no qual a informação será avaliada,” disse Livnat. “Se o currículo for avaliado junto com um grande número de outros currículos, as pessoas vão querer adotar uma estratégia diferente da que se o currículo for avaliado por si só.”
As pessoas avaliam as informações de duas maneiras: 1) avaliando o pacote por si só em uma avaliação separada, como quando um representante de recursos humanos decide se contrata ou não um determinado candidato; ou 2) avaliando o CV lado a lado, comparando com outros candidatos em uma avaliação conjunta, como quando uma pessoa compara as qualificações de vários candidatos antes de escolher qual deles contratar.
Curiosamente, este efeito não é apenas sobre currículos, mas se aplica a todos os tipos de outros pacotes de informação, dizem os pesquisadores. Por exemplo, ao escrever um artigo, se deve incluir argumentos moderadamente fortes ou simplesmente seguir o argumento mais forte? Ao listar uma razão pela qual as pessoas devem comprar seu produto, você deve incluir razões levemente favoráveis ou apenas as razões mais fortes? A resposta depende se o pacote de informações é avaliado separado ou conjuntamente.
Garcia e Livnat dizem que as decisões cotidianas das pessoas frequentemente utilizam avaliações separadas e avaliações conjuntas, em diferentes estágios da sequência de decisão.
Por exemplo, no contexto de pedidos de emprego, pode haver uma fase inicial em que um grande número de candidatos é avaliado em avaliação conjunta. Posteriormente, um número muito menor de indivíduos pode ser “listado de forma curta” e ser convidado para entrevistas individuais, e a singularidade dessas visitas pode promover algo mais semelhante ao modo de avaliação separado, dizem os pesquisadores.
O estudo aparece na edição atual do Journal of Experimental Psychology: Applied.
Resumo do estudo: The adding-and-averaging effect in bundles of information: Preference reversals across joint and separate evaluation