Motivação contribui para a dependência de drogas, não hábito
ANN ARBOR—Para quem é viciado e necessita obter drogas, como a cocaína, muitas vezes é preciso habilidade e flexibilidade – comportamento que não deve ser descrito como hábito, de acordo com um novo estudo.
O comportamento do vício é alimentado pela motivação, em ter que encarar consequências adversas e circunstâncias em constante mudança, dizem pesquisadores da Universidade de Michigan e da The Open University, na Inglaterra.
Os pesquisadores estudaram como os ratos machos resolveram enigmas, cada vez mais difíceis, para receber uma recompensa de cocaína. Este conceito difere de estudos passados em que ratos e outros animais repetem o mesmo comportamento, como pressionar uma alavanca ou inserir o nariz através de uma porta, para obter os remédios.
Como os desafios sempre mudaram após algumas semanas de testes, o comportamento de dependência dos ratos nunca se tornou automático ou habitual, disseram os pesquisadores.
“Estamos desafiando a definição de vício como hábito”, disse Bryan Singer, autor principal do estudo e ex-pesquisador de Psicologia da U-M, que agora está na The Open University.
As regiões cerebrais que são importantes para regular os hábitos não estavam envolvidas nesta busca por drogas.
“Em vez disso, outras regiões do cérebro ligadas à motivação controlaram a busca por drogas em nossos ratos”, disse Singer, que colaborou com os pesquisadores da U-M, Monica Fadanelli, Alex Kawa e Terry Robinson.
Os ratos foram colocados em câmaras com certos desafios, e tiveram que executar (em ordens específicas) tarefas que incluíam girar uma roda, pressionar uma alavanca e colocar o nariz em um buraco. Se eles cometiam erros na tentativa de resolver um enigma, os animais tinham que reiniciar desde o início.
O sucesso no desafio permitia que os ratos se auto-administrassem pequenas doses de cocaína. Ao longo do experimento, os ratos continuaram a resolver as diferentes tarefas, mostrou o estudo.
“A perseverança dos ratos na busca por drogas e o aumento da taxa de resposta refletem a crescente motivação para obter a droga”, disse Robinson, professora de Psicologia e Neurociência da U-M. “E porque eles ajustaram seu comportamento, nunca se tornou habitual”.
As descobertas aparecem na edição atual do Journal of Neuroscience.