Pais e filhos passam mais tempo discutindo sobre como usar a tecnologia móvel do que sobre conteúdo
ANN ARBOR—A maioria dos pais concorda que um dos seus grandes desafios modernos é monitorar a atividade on-line de uma criança.
Um novo estudo publicado no Journal of Child and Family Studies descobriu que os pais passam mais tempo conversando com as crianças sobre os mecanismos de uso de seus dispositivos móveis do que sobre o que seus filhos assistem e baixam nesses dispositivos.
As descobertas vieram de um estudo recente, com 75 crianças e suas famílias, liderado pela pesquisadora Sarah Domoff, então pesquisadora do Centro de Crescimento e Desenvolvimento Humano da Universidade de Michigan. As crianças usaram dispositivos de gravação em casa, que gravaram conversas, discussões e outros sons próximos, inclusive das mídias eletrônicas audíveis.
Domoff, agora professora assistente na Central Michigan University, disse que as descobertas revelaram algumas tendências sobre como as famílias e as crianças se comunicam à respeito da mídia atual. Especificamente, os pesquisadores observaram pouquíssimas conversas sobre o conteúdo da programação que as crianças estavam assistindo.
Além disso, eles descobriram que outros membros da família parecem desempenhar um papel importante quando o conteúdo é discutido. As crianças – não os pais – iniciaram a maioria das conversas sobre o conteúdo, e os irmãos mais velhos tiveram um papel muito maior do que os pais na mediação de conteúdo para os irmãos mais novos. Além disso, o estudo descobriu que crianças mais novas (com idades entre 12 e 36 meses) são expostas a várias fontes de mídia ao mesmo tempo, ou à “multitarefa de mídia.”
Outras descobertas incluem:
- Negociações e conflitos são comuns entre pais e filhos.
- O uso de mídia familiar paralela é comum, o que significa que diferentes membros da família usam seus próprios dispositivos ao mesmo tempo.
“Um dos aspectos mais desafiadores da criação de filhos hoje é estar ciente do que as crianças estão expostas on-line, especialmente o conteúdo disponível via dispositivos móveis,” disse Domoff. “Assim, é essencial que os pais utilizem configurações e restrições de privacidade para proteger as crianças de determinados conteúdos. Idealmente, isso deve ocorrer antes da criança receber seu próprio dispositivo móvel.”
Domoff recomenda o desenvolvimento de um plano de mídia familiar. Em 2016, a Academia Americana de Pediatria divulgou uma ferramenta que ajuda as famílias a estabelecer diferentes metas e regras do uso de mídia com base nas necessidades individuais, disse ela.
Os pais também podem recrutar crianças mais velhas para ajudar os irmãos mais novos a fazer boas escolhas de conteúdo.
O estudo teve como objetivo identificar temas de mediação parental e comunicação familiar em torno de dispositivos de mídia móvel. Há uma escassez de dados científicos nesta área em comparação com a televisão e os videogames, mas estudos mostram que a mediação dos pais leva a melhores resultados para as crianças.
Estudo: A Naturalistic Study of Child and Family Screen Media and Mobile Device Use