Pesquisadores descobrem que duas mutações de genes produzem câncer suprarrenal
Colaboração internacional revela indícios de um câncer raro e letal
ANN ARBOR—Duas mutações genéticas diferentes colaboram para induzir o câncer suprarrenal, de acordo com um novo estudo de pesquisadores do Centro Abrangente de Câncer da Universidade de Michigan e da Universidade de São Paulo, Brasil.
Essa descoberta abre novos caminhos para estudar este tipo raro e mortífero de câncer. Os pesquisadores esperam que leve a melhores tratamentos mediante o direcionamento de ambas as mutações.
Cerca de 600 norte-americanos são anualmente diagnosticados como portadores de câncer suprarrenal. De modo geral é diagnosticado nas últimas etapas quando praticamente não há mais possibilidade de sobrevivência além de cinco anos.
“Como o câncer suprarrenal é tão raro, tem sido um desafio encontrar um número suficiente de pacientes capazes de fornecer amostras de tecido para pesquisa.” Somente podemos conseguir isso por meio da colaboração“, afirma Gary Hammer, M.D., PhD. e Professor o autor sênior do estudo, Professor de Câncer Suprarrenal, Fundo de Pesquisas sobre Câncer Suprarrenal Millie Schembechler da Universidade de Michigan.
A parceria entre a Universidade de Michigan e a Universidade de São Paulo tem permitido aos pesquisadores colherem amostras de tecidos de 118 pessoas com tumores suprarrenais benignos ou cancerosos.
“Nossa meta é compreender esses tumores e os genes que são eixos críticos para podermos desenvolver tratamentos que prolonguem a vida dos pacientes,” afirma Hammer.
Ao estudarem amostras de tecidos tanto benignos como afetados pelo câncer suprarrenal, os pesquisadores descobriram aberrações em dois caminhos genéticos: fator de crescimento 2 do tipo beta-catenina e fatores de crescimento semelhante à insulina ou IGF-2. Os tumores benignos representam uma alta percentagem de mutações em beta-catenina, mas a suprarregulação de IGF-2 era rara. Por outro lado, a maioria os cânceres suprarrenais mostrou uma suprarregulação de IGF-2. Os cânceres que tinham também mutação de beta-catenina estavam associados a doenças em alto grau e pior índice de sobrevivência, em comparação com tumores que tinham somente uma suprarregulação de EGF-2.
Os pesquisadores testaram também essa descoberta experimentalmente induzindo mutações individuais ou combinadas de beta-catenina e IGF-2 na suprarrenal do camundongo. O camundongo desenvolveu câncer somente quando ambas as mutações estavam presentes.
O passo seguinte será desenvolver tratamentos que bloqueiem a beta-catenina e o IGF-2.
“É mais complexo do que encontrar genes que causam câncer. Os resultados iniciais direcionados apenas ao IGF-2, embora promissores, não parecem tão robustos como esperávamos inicialmente. Isso pode ser atribuído à necessidade de combater tanto o IGF-2 como a beta-catenina. À medida que os tratamentos de câncer avançarem mais no sentido de abordagens genéticas direcionadas, é provável que essas terapias precisem ser usadas em combinação,“ afirma Hammer.
Outros autores: Joanne H. Heaton, Michelle A. Wood, Alex C. Kim, Ferdous M. Barlaskar, Rork Kuick, Derek P. Simon, Elisabeth Starnes, Dafydd G. Thomas e Thomas J. Giordano ds Universidade de Michigan; Lorena O. Lima, Madson Q. Almeida, Maria C.B.V. Fragoso, Antônio M. Lerário, Ibere C. Soares e Ana C. Latrônico da Universidade de São Paulo, Brasil.
Financiamento: U-M Millie Schembechler Adrenal Cancer Research Fund; National Institutes of Health subsídios DK 062027, CA 134606, T32 DK07245, T32 HD007505, T32 CA009676; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil; Coordenação para Melhoria do Ensino Superior, Brasil.
Divulgação: Nenhuma
Referência: American Journal of Pathology, Vol. 181, Nº 3, setembro de 2012
Recursos:
- U-M Cancer AnswerLine, 800-865-1125
- U-M Comprehensive Cancer Center, www.mcancer.org
- Testes clínicos na U-M, www.UMClinicalStudies.org/cancer