Prescrição de analgésicos colocam adolescentes em maior risco de uso indevido de drogas no futuro
ANN ARBOR—Estudantes que cursam o colegial e obtém prescrição legal de analgésicos opioides estão um terço mais propensos a abusar de drogas antes dos 23 de idade do que aqueles sem antecedentes de prescrição, de acordo com um novo estudo da Universidade de Michigan.
Estes adolescentes abusam do OxyContin, Vicodin e outros analgésicos vendidos sob prescrição para se sentirem com mais energia, relaxados ou se sentirem bem ao completar o ensino médio, apesar de desaprovarem a maconha, dizem os pesquisadores da U-M.
Essas conclusões são feitas praticamente ao mesmo tempo em que a U.S. Food and Drug Administration (FDA – sigla em Inglês) aprovou o uso de OxyContin para crianças com idades entre 11 e 16 anos.
O risco está concentrado em adolescentes que têm pouco ou nenhum histórico de uso de drogas ilegais e o desaprovam. Em parte, isso pode ser explicado pela novidade dos efeitos dessas drogas, prescritas como analgésicos, além de provavelmente ser a primeira experiência deles com uma substância viciante, dizem os pesquisadores.
“Muito provavelmente, esta experiência inicial que gera um agradável alívio da dor e é considerada segura pode reduzir a percepção do risco”, disse o principal autor do estudo Richard Miech, pesquisador do Instituto de Pesquisa Social da U-M. “A experiência inicial agradável e segura com uma droga é um fator principal nas teorias de que a pessoa continuará abusando de drogas.”
Em contrapartida, entre os adolescentes com experiência mais ampla de drogas, o uso legítimo de um analgésico produz um impacto menor em comparação com outras substâncias controladas.
“Embora estes indivíduos experientes possam começar a abusar de analgésicos, tais abusos não parecem ser o resultado de uma introdução à medicação para tratar a dor através de uma receita médica legítima”, disse Miech.
Os dados vêm do projeto “Monitoring the Future”, ou “Monitorando o Futuro”, uma amostra nacional representativa que entrevistou 6.220 estudantes que cursam o 12º ano americano e, em seguida, alunos com idades entre 19 e 23 anos. Os participantes indicaram se tinham abusado de opioides nos últimos 12 meses.
Os pais podem escolher as opções de tratamento inicial, que não sejam opioides, para reduzir o risco de seus filhos ficarem dependentes de drogas. A medicação para dor pode ser prescrita sem opioides se os tratamentos alternativos são insuficientes, dizem os pesquisadores.
Miech e seus colaboradores dizem que os dados não incluem informação sobre dosagem, a duração ou eficácia das prescrições de opioides.
Outros autores do estudo são Lloyd Johnston, Patrick O’Malley, Katherine Keyes e Kennon Heard.
Os resultados aparecem na edição atual da revista Pediatrics.
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