Professora brasileira da U-M e grupo de estudantes fazem parceria para recuperação ambiental de Áreas de Preservação Permanente

maio 6, 2022
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Fernanda Pires
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Estudantes da U-M visitam projeto de auto-gestão em São Paulo. Image credit: Austin Thomason

Estudantes da U-M visitam projeto de auto-gestão em São Paulo. Image credit: Austin Thomason

São Paulo—Um grupo de estudantes de mestrado do Taubman College, a Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Michigan está em São Paulo para trabalhar na criação de um viveiro de mudas de espécies nativas da mata atlântica. O projeto é liderado pela professora brasileira Ana Paula Pimentel Walker, doutora em antropologia.

O viveiro está sendo projetado com o objetivo de direcionar suas mudas para a recuperação ambiental de APP (Área de Preservação Permanente) localizadas próximo a projetos de habitação popular. O lançamento do projeto será neste sábado no terreno onde se localizam os mutirões de habitação popular Jerônimo Alves, Dorothy Stang e Martin Luther King, no Parque São Rafael, em São Paulo.

Este viveiro poderá também servir como apoio na arborização urbana de outros mutirões da cidade e iniciar a venda de mudas como economia solidária.

Para a idealização do viveiro e manejo das mudas, além de contar com a parceria dos estudantes de Michigan, o movimento de moradia também conta com uma consultoria ambiental que tem orientado o início das atividades. A equipe também fará o acompanhamento durante o replantio das mudas em outros terrenos. Todo o trabalho será feito em mutirão com as famílias sem teto.

“É importante que os estudantes utilizem os conhecimentos aprendidos no curso de mestrado à serviço das famílias de baixa renda que se organizam através da autogestão,” disse Pimentel Walker. “Nossa intenção é colaborar com comunidades da periferia de São Paulo para que possam ter moradia e melhores condições ambientais e climáticas.”

Para Pimentel Walker, esse trabalho conjunto é uma troca de conhecimentos onde os estudantes aprendem sobre a organização comunitária fazendo conexões com questões de justiça ambiental e climática em seus países de origem.

“Estas parcerias são importantes para os nossos estudantes norte americanos e para os alunos que são de diferentes partes do mundo. Eles estão aprendendo como o direito à habitação e o sistema de propriedades privadas funcionam em um país diferente e como as comunidades adquirem terra e asseguram moradia,” disse Pimentel Walker. “Eles também estão conhecendo as consequências da justiça ambiental nas áreas não planejadas e sendo capazes de avaliar as semelhanças e as diferenças de seus países.”

Desde 2014, Pimentel Walker traz estudantes de Michigan ao Brasil para trabalhar em parcerias com movimentos sociais, comunidades e escolas. Projetos anteriores foram realizados em parceria com a cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, com a Ocupação Anchieta, em São Paulo, com a Assessoria Comunitária e Trabalhos Ambientais Peabiru, com o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos e a União dos Movimentos de Moradia de São Paulo.

“A crise habitacional da população de baixa renda é um problema grave que necessita da união de forças acadêmicas e da sociedade civil organizada—que inclui ONGs, movimentos sociais, associação de moradores—para avançar políticas habitacionais, justas e sustentáveis,” explica Pimentel Walker.

Estudantes da U-M visitam projeto de auto-gestão em São Paulo. Image credit: Austin Thomason

Estudantes da U-M visitam projeto de auto-gestão em São Paulo. Image credit: Austin Thomason

Moradia e preservação ambiental

Atualmente todos os empreendimentos de habitação popular têm que fazer recuperação ambiental por estarem localizados próximo a rios e nascentes. Isso porque, a especulação imobiliária, regida a grandes interesses do capital privado, faz com que empreiteiras busquem terrenos localizados em outras áreas, deixando para famílias de baixa renda a ocupação de terrenos mais afastados como alternativa habitacional.

No entanto, na contramão da urbanização desigual e na atenção para o meio ambiente, o movimento de moradia mostra, com a iniciativa do viveiro, que é possível pensar uma trajetória habitacional para a cidade que faça a construção de novas moradias em consonância com o meio ambiente.

O aumento do número de áreas verdes seguras e a preservação de áreas permitem equilibrar territórios e auxiliam na construção de cidades mais sustentáveis, resilientes, includentes e solidárias e enfrentam o fenômeno das ilhas de calor das cidades.

Lançamento do projeto de viveiro de mudas de espécies nativas da mata atlântica
Sábado, dia 07, às 14h
Rua João Antunes Maciel, altura do 720, Parque São Rafael, Zona Leste
Contato: Fernanda Pires, WhatsApp: (+1 734-717-9818)

Mais informações:

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