Quando eu tiver 64 anos … O autocontrole do envelhecimento
ANN ARBOR — Na década de 60, os Beatles lançaram a música, When I’m 64, com a letra escrita do ponto de vista de um jovem para a sua amante, falando dos seus planos de envelhecer com ela e também sobre saber se o amor verdadeiro ainda estaria ao seu lado quanto ele estivesse mais velho — depois de ter perdido seus cabelos e não ter mais ousadia a não ser para tricotar um suéter.
Um grupo de quatro estudos liderados por pesquisadores da Universidade de Michigan encontrou que sua saúde — e a saúde do seu parceiro/a — pode ser ditada pelas percepções do seu próprio envelhecimento.
“Crenças sobre o próprio envelhecimento são compartilhadas em casais, e essas crenças, além das convicções individuais, servem como previsões do futuro da saúde,” disse Shannon Mejia, estudante de pós-doutorado do Instituto para pesquisa Social da U-M. “Experiências individuais tanto dos maridos, quanto das esposas, em relação a atividades físicas e a doenças são importantes para as crenças compartilhadas no presente e no futuro da saúde funcional”.
Ou seja, casais que tendem a ver o envelhecimento negativamente se inclinam a se tornar menos saudáveis e menos ativos do que casais que veem o envelhecimento positivamente. Além disso, o fardo de doença dos maridos moldam suas atitudes em relação tanto ao seu próprio envelhecimento, quanto ao envelhecimento de suas esposas. Mejia e seus colaboradores acreditam que as limitações dos maridos decorrentes de doenças afetam negativamente a saúde das suas esposas devido ao aumento da carga de cuidados.
A médica e doutoranda da Escola de Medicina da U-M, Jennifer Sun, que conduziu a pesquisa, descobriu que a autopercepção sobre o envelhecimento afeta se a pessoa cuida ou não da saúde em tempo hábil. Sun explica que quanto mais negativamente uma pessoa visualiza seu envelhecimento, maior a chance dela atrasar a busca por cuidados com a saúde e encontrar barreiras para procurar esses cuidados.
Esta associação entre autocontrole negativo do envelhecimento e atraso para cuidar da saúde persistiu mesmo após a pesquisadora ter avaliado os problemas mais comuns para o atraso em cuidar da saúde, como status socioeconômico baixo, falta de seguro de saúde e condições crônicas de saúde.
“Enquanto muitos estudos se concentram nos obstáculos financeiros e estruturais para cuidar da saúde, também é importante considerar como fatores psicossociais, emocionais e cognitivos estão afetando as decisões dos idosos na hora de buscar cuidados médicos,” Sun disse.
Um terceiro estudo da U-M descobriu que as pessoas que experimentam a discriminação etária se sentem menos positivas sobre o seu próprio envelhecimento. E uma quarta pesquisa constatou que, conforme as pessoas envelhecem, sua tendência explícita em falar sobre as pessoas mais velhas melhorou à medida que envelheciam. Mas sua tendência implícita — como se sentem internamente sobre os companheiros mais velhos — se tornou mais negativa à medida que envelheciam. Giasson e William Chopik, pesquisador da Universidade Estadual de Michigan, lideraram este estudo.
Os artigos estão publicados na edição de agosto da The Gerontologist.
“Estamos interessados em saber como as pessoas interpretam suas próprias vidas,” disse Jacqui Smith, principal investigadora de um projeto sobre o bem-estar na meia idade e na Terceira Idade e coautora de alguns dos artigos publicados.
“Nós sabemos que as imagens e os estereótipos da idade desempenham um papel em como as pessoas percebem seu próprio envelhecimento. Mas experiências sutis de discriminação em interações com estranhos e às vezes com seus próprios filhos ou parceiro — é um retorno que as pessoas realmente levam em consideração e então, ou se rebelam ou começarem a acreditar nele.”