Quando seu filho sofre uma concussão: o papel do assistente social

Cuidar da saúde mental de uma criança após uma concussão cerebral é tão importante quanto tratar os sintomas físicos.

abril 16, 2019
Written By:
Fernanda Pires
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Quando seu filho sofre uma concussão: o papel do assistente social

ANN ARBOR—A saúde mental é um fator crítico na recuperação de uma concussão. Além dos sintomas físicos, como dores de cabeça, tontura e dor no pescoço, os pacientes podem sofrer de irritabilidade, depressão e ansiedade.

Tanto os sintomas mentais, quanto os físicos devem ser abordados, diz a assistente social Kris Konz, que atende pacientes na clínica de concussão na clínica NeuroSport, da Michigan Medicine.

“Os encaminhamentos chegam até nós quando os médicos sentem que o paciente pode se beneficiar da terapia,” diz Konz. “Nosso objetivo é ajudar o paciente a se recuperar e seguir em frente.”

Konz trabalha principalmente com atletas adolescentes, embora também aconselhe adultos que estiveram envolvidos em esportes e sofreram uma concussão. Ela ajuda pacientes a lidar com problemas pós-concussão e suas emoções.

“Não há dois pacientes iguais,” diz ela, mas muitas vezes há problemas comuns que afetam as crianças que sofreram uma concussão. Konz os ajuda – e seus pais – a aceitar que existe um componente de saúde mental na recuperação de concussões.

Sintomas de saúde mental de concussão que são frequentemente considerados ‘sinais vermelhos’ incluem:

Falta de alegria

Afastamento social

Diminuição da capacidade de lidar com estressores

Quando esses tipos de sintomas de saúde mental estão presentes, os pacientes e os pais precisam consultar um médico para tratar esses problemas.

O que as crianças enfrentam

“Muitos dos meus pacientes são atletas do ensino médio que sofreram pelo menos uma concussão,” diz Konz. “Às vezes demoram muito para se curar.”

“Alguns estão esperando para serem liberados para voltar ao esporte, e uma porcentagem muito pequena pode nunca conseguir”, diz ela. “Esses atletas podem experimentar frustração, ansiedade ou depressão por não conseguirem regressar ao esporte. Ou eles ficam frustrados com o tempo que levam para se recuperar.”

Algumas crianças têm medo de voltar ao campo por causa do trauma e da ansiedade relacionada à concussão.

“Pais, colegas de equipe e treinadores podem estar incentivando a criança a voltar a jogar antes de estar pronta,” diz Konz. “Isso causa estresse em ambos os lados.”

Alguns dos pacientes que Konz vê são competitivos, e a ansiedade subjacente atrapalha o retorno ao esporte.

“Eles têm medo de se machucar novamente, mas querem voltar,” diz ela. “Outras crianças têm um gostinho de como é a vida sem práticas estruturadas e horários associados ao esporte e podem decidir que não querem jogar novamente.”

Nesses e em outros casos, Konz diz: “as crianças podem se beneficiar conversando com um profissional.”

Konz trabalha com pacientes para desenvolver habilidades de enfrentamento relacionadas, mas não limitadas, a:

  • Melhorar a comunicação com seus pais
  • Gerenciar pensamentos negativos
  • Processamento de sentimentos associados ao processo de recuperação
  • Encontrar uma alternativa segura para o esporte, caso opte por não retornar (uma alternativa que lhes proporcionará gratificação igual)

Konz também educa pacientes e pais sobre as recomendações feitas pelo seu médico.

Como os pais podem ajudar

Konz trabalha com os pais para ajudá-los a entender e apoiar seus filhos durante um período difícil durante o processo de recuperação.

“Suas experiências pós-concussão muitas vezes provocam fraquezas na dinâmica familiar,” diz ela.

“Os pais devem perceber que a vida de seus filhos mudou,” diz Konz. “Eles passam muito tempo em casa quando estão acostumados a estar com amigos e colegas de escola. Muitas vezes, as crianças sentem que sua vida inteira virou de cabeça para baixo e não têm controle sobre isso.”

A concussão também pode afetar a autoestima de uma pessoa. Por exemplo, crianças que se destacam em esportes, mas não academicamente, se deparam com a realidade de que não poder mais fazer o que as davam prestígio e as faziam se sentir bem.

“Os pais podem ajudar, incentivando a criança a fazer outras coisas que trazem sentimento de orgulho, sem minimizar o impacto emocional que a mudança está tendo sobre a criança,” diz Konz.

Os adolescentes também podem precisar de ajuda na volta à escola e para recuperar o atraso em tarefas perdidas.

“São necessárias acomodações especiais quando a criança volta à escola,” diz Konz. Dependendo dos seus problemas, isso pode envolver a realização de testes em um ambiente isolado, iluminação indireta ou menos atribuições.”

“Como pai, você precisa tomar a iniciativa de garantir que as necessidades do seu filho sejam compreendidas e estejam sendo atendidas na escola,” diz Konz. “Se a escola não é colaborativa ou útil, pode ser necessário continuar subindo na hierarquia administrativa até que as acomodações sejam feitas.”