Sedativos e tranquilizantes, fortes indicadores de abuso de drogas

dezembro 13, 2017
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Comprimido branco na mesa e cama no quarto. (imagem de estoque)

ANN ARBOR – O consumo abusivo de sedativos ou tranquilizantes sinalizam um grande risco no uso de substâncias mais aditivas no futuro próximo, de acordo com uma nova pesquisa do Centro de Estudos de Drogas, Álcool, Fumo e Saúde, da Escola de Enfermagem da Universidade de Michigan.

“Uma vez que você começa a consumir um medicamento potencialmente viciante, de forma ilegal, você se coloca em um risco bem maior de usar outras substâncias, o que aumenta o perigo da dependência”, disse a autora principal Carol Boyd, professora de Enfermagem e Estudos Femininos.

“Nós temos visto esse fenômeno com a epidemia de analgésicos opióides, e agora vemos riscos semelhantes com sedativos e tranquilizantes prescritos. As prescrições dessas duas drogas aumentaram nos EUA e esse estudo mostra algumas das consequências.”

Boyd e suas colaboradoras da U-M, examinaram dados nacionais de cerca de 35 mil adultos americanos, primeiro durante um período de um ano batizado como ‘Wave One.’

As pesquisadoras começaram a analisar quantas pessoas estavam abusando de sedativos, como pílulas para dormir, ou tranquilizantes como Valium, Xanax e relaxantes musculares. O uso incorreto inclui tomar a medicação em excesso, consumi-la por mais tempo do que o prescrito, por razões diferentes das prescritas (como, por exemplo, ficar “mais alto,”) ou utilizar a receita de outra pessoa. As mesmas pessoas foram re-entrevistadas três anos depois na Wave Two.

Os pesquisadores descobriram que 76% das pessoas que abusavam de sedativos e tranquilizantes durante o Wave One deixaram de usar esses medicamentos três anos depois, na Wave Two.

Embora isso possa parecer uma indicação positiva, Boyd e colegas descobriram que 45% das pessoas que abusaram dos sedativos e tranquilizantes durante a Wave One tiveram transtorno de uso de substâncias na Wave Two, envolvendo outras substâncias – principalmente álcool, maconha e opióides.

“Tranquilizantes e sedativos são medicamentos do Schedule IV, o que significa que os pacientes não acreditam que sejam tão viciantes quanto outras drogas, como muitos opióides,” disse Boyd. “Por esta razão, não devemos nos surpreender que a maioria dos usuários abusivos não tenha se viciado em calmantes ou sedativos.”

“No entanto, a preocupação deve ser esta: o uso abusivo de sedativos e tranquilizantes sinaliza uma crescente probabilidade de desenvolver um vício em outra droga.”

Os pesquisadores descobriram que os jovens adultos, de 18 a 25 anos, correm o risco de desenvolver um transtorno posterior com relação ao álcool ou drogas. Das pessoas nessa faixa etária que abusaram de sedativos ou tranquilizantes na Wave One, 60% das mulheres e 67% dos homens, apresentaram um distúrbio de uso de substância envolvendo outras drogas três anos depois. Em todas as faixas etárias, os homens eram mais propensos a desenvolver distúrbios adicionais de uso de substâncias.

Boyd diz que é muito raro encontrar usuários ilegais de drogas, incluindo os que abusam dos sedativos e tranquilizantes, que só consomem uma substância. Ela acredita que reconhecer o uso de poli-substância é uma peça fundamental na prevenção e no tratamento do uso indevido de substâncias e do vício.

“Nós temos que treinar os clínicos para pensar de forma diferente,” disse ela. “A maioria dos usuários de drogas não é consumidor de uma droga única. Eles usam várias substâncias e muitas vezes as ingerem. Isso coloca os usuários em risco de sobredosagem e até de morte. Devemos lembrar que sedativos e tranquilizantes contribuem para a sobredosagem, especialmente quando misturados com álcool e opioides.”

Boyd incentiva os clínicos a aumentar a educação dos pacientes sobre os riscos de uso indevido, como também sobre como armazenar e descartar medicamentos.

Estudo
Carol Boyd