Troca de informações sobre saúde: crescimento a curto prazo, mas preocupações a longo prazo
ANN ARBOR—Enquanto um número recorde de hospitais e médicos participam de uma força tarefa para a troca de informações eletrônicas sobre a saúde, que permitem acompanhar a história médica dos pacientes que se movem entre os convênios de saúde, o sucesso destes programas, a longo prazo, está em xeque.
Isto de acordo com uma nova pesquisa nacional das organizações de intercâmbio de informações de saúde liderada por um pesquisador da Universidade de Michigan.
As trocas de informações de saúde entram em jogo principalmente quando os pacientes mudam de médicos ou estão internados em um hospital. O acesso ao médicos do histórico da saúde do paciente, poderia melhorar os diagnósticos e reduzir os testes redundantes, aumentando a qualidade e a eficiência nos atendimentos médicos. Esse serviço foi considerado uma prioridade nacional, e os US$ 548 milhões vindos do American Recovery and Reinvestment Act de 2009 foram investidos nos estados para estabelecê-lo.
Então pode não ser surpresa que, desde a última pesquisa da equipe em 2010, houve uma duplicação da percentagem dos hospitais dos EUA que participam do programa de intercâmbio e uma triplicação da percentagem de participação dos consultórios médicos. O novo estudo contabilizou 119 grupos de força-tarefa de intercâmbio operacional em todo o país – um aumento de 61% desde 2010. Hoje, 30% dos hospitais dos EUA e 10% dos consultórios médicos estão envolvidos em um destes serviços.
“Temos visto que esta verba federal realmente fez uma grande diferença,” disse a autora do estudo Julia Adler-Milstein, professora-assistente da Escola de Informações da U-M e da Escola de Saúde Pública. “Mas o que realmente não mudou foi a percepção de que as organizações ainda não descobriram como conseguir investimento próprio, o que será um grande problema, depois que a verba fornecida pelo governo acabar em janeiro de 2014.”
Um total de 74 por cento dos programas de intercâmbio informaram que eles estão com dificuldades para desenvolver um modelo de negócio sustentável. Ao longo dos anos, algumas organizações têm fechado suas portas quando os subsídios terminam. Adler-Milstein oferece uma explicação do porquê:
“Os servidores de saúde não estão dispostos a pagar pelo serviço no nível necessário,” disse ela. “Eles não vêem importância suficiente neste serviço, e isto acontece porque muitos dos benefícios não são revertidos a eles. Mas vão para os pacientes e para as companhias de seguros de saúde. O principal desafio é que os incentivos e os modelos de negócios ainda não estão alinhados para que isso realmente funcione.”
Em algum momento eles serão alinhados, e quais são alguns dos possíveis resultados? Alguns acreditam que a troca de informações de saúde é um bem público e que o governo deveria firmar um compromisso de investimento de longo prazo. Uma das sugestões é que uma pequena parte dos impostos sobre os salários poderia cobrir o serviço. Outros dizem que o mercado livre deveria determinar o destino das organizações de intercâmbio de informações de saúde. Isto poderia significar que eles nunca estariam permanentemente estabelecidos, ou que eles encontrariam uma maneira de fazer dinheiro. Adler-Milstein vê avanços em direção ao último.
“Uma parte dos dados que me faz ter um pouco de esperança é que muitas dessas organizações estão tentando descobrir uma função mais ampla que elas possam se envolver nos esforços para melhorar os resultados do sistema de saúde,” disse ela. “Elas estão percebendo que os dados que eles têm são um bem muito valioso para os relatórios de pesquisa e desempenho.”
Além dos benefícios imediatos para os pacientes, o intercâmbio de informações poderia ajudar a habilitar grandes estudos clínicos entre as instituições. Esses estudos poderiam, por exemplo, explorar a eficácia de determinados tratamentos ou testes de diagnóstico em uma ampla gama de situações. Os esforços no intercâmbio poderiam também ajudar na criação de organizações responsáveis pelo atendimento de saúde, de grupos voluntários de médicos e de hospitais que concordam em coordenar os atendimentos e reduzir os serviços duplicados.
“Se estas organizações responsáveis pelo atendimento vão ser bem sucedidas, elas precisam saber quais cuidados os pacientes estão recebendo,” disse Adler-Milstein. “Se você quer saber como as coisas estão indo de uma perspectiva da qualidade, os dados são necessários. É um esforço mais amplo, que realmente é sobre o alinhamento dos incentivos nos serviços de saúde, o que no fundo significa troca de informações de saúde.”
O estudo será publicado on-line na edição de 9 de julho do Health Affairs. Ele também aparecerá na edição de agosto da revista acadêmica.
O título do estudo é “Operational Health Information Exchanges Show Substantial Growth, But Long-Term Funding Remains A Concern.” A pesquisa foi financiada pela Fundação Robert Wood Johnson. Outros colaboradores são David W. Bates, chefe da Divisão de Medicina Interna Geral e Atenção Primária do Hospital da Mulher Brigham, em Boston; e Ashish K. Jha, professor de Política e Gestão da Saúde na Escola de Saúde Pública de Harvard.