Verba vai permitir avanço nas pesquisas de câncer supra-renal

janeiro 18, 2018
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Da esquerda: a doutora de MD-Dipika Mohan, investigadora Antonio Lerario e professora de medicina interna Gary Hammer. Imagem cedida pela Michigan Medical School GLOBAL ReachDa esquerda: a doutora de MD-Dipika Mohan, investigadora Antonio Lerario e professora de medicina interna Gary Hammer. Imagem cedida pela Michigan Medical School GLOBAL Reach

Ann Arbor—O caminho para a compreensão da fisiologia do câncer supra-renal tem sido longo, com anos de trabalho e cerca de 8.200 quilômetros. Essa é a distância entre a Escola de Medicina de Michigan e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, uma das principais do Brasil.

Uma recente prêmio fortalece essa colaboração entre as duas universidades, que estudam essa doença rara em parceria, com o objetivo de identificar biomarcadores que possam ajudar os médicos a adaptar seus planos de tratamento contra o tumor. Após mais de uma década de trabalho de laboratório, o novo projeto move a pesquisa para muito mais perto dos pacientes, de acordo com Gary Hammer, professor de câncer da glândula adrenal, que lidera a pesquisa com a FMUSP.

“O objetivo é chegar a protocolos utilizáveis ​​que ajudarão os médicos a estratificar os pacientes em diferentes grupos de tratamento”, disse Hammer. “Os protocolos já estão sendo discutidos para potencializar os pacientes em testes locais, nacionais e internacionais. Para o nosso mundo na pesquisa de câncer suprarrenal, esse é um grande passo à frente.”

O carcinoma adrenocortical geralmente não é diagnosticado até os estágios avançados, tornando difícil o tratamento. Mas a raridade da doença impede pesquisa significativa: ela afeta apenas cerca de uma ou duas a cada milhão de pessoas.

“Para nós, o maior desafio é obter amostras de pacientes suficientes para realizar um estudo de valor real,” disse Hammer. “Isso é o que torna a colaboração internacional tão importante para o progresso da pesquisa.”

No Brasil, o câncer supra-renal é mais prevalente – ou seja, um pouco menos incomum – em comparação com outros países. A FMUSP é afiliada ao maior sistema hospitalar da América do Sul e é sede de alguns dos principais especialistas mundiais na doença. O novo estudo conjunto usa amostras de tumor de pacientes de ambas as instituições para identificar biomarcadores que poderiam ajudar a estratificar futuros pacientes.

O trabalho se baseia em pesquisa conjunta prévia realizada como parte do Projeto O Atlas do Genoma do Câncer (TCGA), que mapeou a genética molecular de muitos tipos de câncer, incluindo o supra-renal. O estudo do Atlas, publicado em maio passado no Cancer Cell, mostrou, entre outras coisas, que os tumores de carcinoma adrenocortical podem ser amplamente categorizados em três subtipos com três resultados diferentes: bom, justo e pobre.

Enquanto o projeto Atlas se baseou em sequenciação complexa, o novo estudo avaliará um ensaio simplificado para procurar três biomarcadores que os pesquisadores pensam estar associados aos três tipos de tumores.

“Estamos usando um teste bastante rotineiro. O benefício do nosso ensaio é que ele pode ser concluído dentro de 48 horas,” disse Dipika Mohan, doutoranda do laboratório de Hammer que passou um mês em São Paulo no ano passado. “Nosso estudo pode ajudar a identificar quais pacientes realmente precisam de tratamento agressivo e quando devem recebê-lo.”

A equipe tem cerca de 50 amostras de cada instituição para coletar, testar e comparar contra os respectivos registros clínicos para cada paciente. Antonio Lerario, formado pela USP e agora investigador do laboratório de Hammer, trabalhou diretamente com alguns pacientes brasileiros que forneceram amostras para o estudo.

“Isso é muito pessoal para mim porque passei tanto tempo cuidando deles,” disse Lerario. “Essas amostras são um presente fornecido por esses pacientes e, espero, que possamos usar esse presente para dar algo de volta e ajudar os outros no futuro.”

 

Mais informações:
Laboratório Gary Hammer
Global REACH – Plataforma Brasil