Vizinhança mais unida e menos palmadas resultam em número menor de visitas de assistência social à criança
ANN ARBOR—O sistema de bem-estar infantil tem maior probabilidade de intervir nas casas em bairros “menos amigáveis” e em que os pais batem nos filhos, mostra um novo estudo.
Pesquisadores da Universidade de Michigan e da Universidade Estadual de Michigan conduziram análises com cerca de 2.300 famílias de 20 grandes cidades dos EUA, que responderam a pesquisas e entrevistas. As famílias participantes têm, pelo menos, um filho, que nasceu entre 1998-2000.
Eles descobriram que viver em bairros com forte coesão social e confiança – onde os vizinhos estão dispostos a ajudar uns aos outros e geralmente se dão bem – acaba protegendo as famílias de se envolverem com o sistema de bem-estar infantil.
Além disso, é menos provável que os Serviços de Proteção à Criança (SPC) interfiram em residências onde as crianças raramente apanham.
Outros fatores, como a pobreza e mães depressivas, também aumentam as chances de envolvimento do SPC, seguidos por bairros perigosos e surras.
No estudo, as mães relataram as condições do bairro em que viviam, como as relações de apoio entre vizinhos e se tinham batido nas crianças de três anos de idade no último mês. As mães também relataram contato com o SPC quando o filho tinha entre 3 e 5 anos.
“Nossas descobertas sugerem que promover relacionamentos afetuosos e de vizinhança entre os residentes que apóiam as necessidades e os desafios das famílias com crianças pequenas pode ajudar a garantir a segurança das crianças,” disse o co-autor do estudo, Andrew Grogan-Kaylor, professor de Serviço Social da U-M.
Cerca de 57% das crianças da amostra, com 3 anos de idade, apanharam de um dos pais ou de uma figura parental no mês anterior à pesquisa. A SPC investigou 7,4 milhões de crianças por suspeita de maus tratos em 2016, de acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.
Ao contrário de pesquisas anteriores, que apenas consideraram separadamente as condições da vizinhança e as surras, como precursoras de maus-tratos na infância, o estudo atual examinou esses fatores simultaneamente, disse a principal autora do estudo, Julie Ma, professora assistente de Serviço Social, na UM-Flint.
“Tanto os tipos de vizinhança que os pais escolhem, ou são forçados a escolher, para educar os filhos, quanto às decisões dos pais sobre se batem nos filhos ou não, influenciam as chances de envolvimento do SPC,” disse ela. “Programas e regulamentações devem abordar estratégias para construir interações de suporte entre os residentes nos bairros, como também a disciplina infantil não-física para ajudar a reduzir os maus-tratos.”
O estudo está publicado na revista Child Abuse & Neglect.