Pesquisadores descobrem mais pistas de como droga reverte obesidade, diabetes e doenças hepáticas
ANN ARBOR — Pesquisadores da Universidade de Michigan identificaram como uma promissora droga melhora o metabolismo do açúcar, por meio da geração de um novo sinal entre as células de gordura e as do fígado. Esse medicamento faz parte de ensaios clínicos para o tratamento da obesidade e de distúrbios metabólicos.
Além de mostrar como o amlexanox, uma droga anti-inflamatória, reverte a obesidade, o diabetes e doenças hepática gordurosas, os resultados sugerem um novo caminho para futuros tratamentos. A pesquisa foi publicada dia 12 de janeiro na revista Nature Communications.
Anteriormente, os pesquisadores do laboratório de Alan Saltiel, tinham descoberto que esta droga, utilizada no tratamento da asma e afta, também tinha a capacidade de causar perca de peso e melhorar o diabetes em ratos obesos.
O atual estudo revelou que o amlexanox exerce seus efeitos através de um tipo especializado de célula gordurosa, aumentando o nível de uma segunda molécula mensageira chamada cAMP (Adenosina monofosfato cíclica). Por sua vez, a cAMP aumenta a taxa pela qual as células queimam a gordura para que o animal perda peso. Mas o amlexanox também desencadeia a liberação do hormônio interleucina-6 destas células de gordura, que então viaja pela circulação para o fígado. Nos fígados dos ratos diabéticos, o interleucina-6 reduz a produção de glicose, para que o açúcar do sangue seja reduzido.
“Sabemos que o amlexanox trabalha para reverter a obesidade e a resistência à insulina, em parte resolvendo uma inflamação crônica e aumentando o gasto energético, mas isso não é a história completa dos efeitos da droga,” disse Shannon Reilly, primeiro autor do estudo. “A compreensão de como a droga também permite a comunicação entre as células de gordura e as do fígado em ratos obesos, nos permite ver mais do amlexanox — e também lança uma luz sobre a comunicação entre os diferentes tecidos do corpo.”
A descoberta é a peça mais recente do complexo quebra-cabeça “diabetes-obesidade-inflamação” que os pesquisadores do laboratório Saltiel têm trabalhado com o objetivo de encontrar novos tratamentos para distúrbios metabólicos.
A obesidade leva a um estado de baixo grau de inflamação crônica do fígado e do tecido de gordura, que por sua vez, aumenta os níveis de dois genes: o IKK-ε e o TBK1. Em 2009, o laboratório de Saltiel descobriu o papel fundamental do IKK-ε e do TBK1 no início da obesidade. Em 2013, os investigadores descobriram que o amlexanox, uma droga sem patente, reverteu a obesidade, o diabetes e a esteatose hepática em ratos.
Em um estudo publicado em dezembro de 2013, os pesquisadores encontraram que os altos níveis de IKK-ε e TBK1 significavam que certos receptores das células de gordura dos ratos obesos foram incapazes de responder ao chamado das catecolaminas, que são geradas pelo sistema nervoso simpático (SNS) e promovem a queima de gordura. Altos níveis de IKK-ε e TBK1 também resultaram em níveis mais baixos da cAMP. O amlexanox reduz o IKK-ε e o TBK1, levando ao acréscimo da cAMP, da sensibilidade às catecolaminas e aumentou o gasto de energia das células de gordura.
O estudo da U-M explica como o aumento da cAMP nas células de gordura promove a secreção do hormônio interleucina-6, que sinaliza para o fígado parar de produzir glicose — melhorando assim os níveis gerais de açúcar no sangue em ratos obesos diabéticos.