À procura da cidade real perdida na Núbia, no norte do Sudão

janeiro 16, 2013
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Dr. Mohamed (à esquerda) e Geoff EmberlingDr. Mohamed (à esquerda) e Geoff EmberlingANN ARBOR—Geoff Emberling está fazendo o que poucos arqueólogos ainda fazem, em um mundo que já foi bastante manipulado por picaretas, enxadas e pás. Ele está procurando uma cidade real perdida.

A antiga capital foi governada pelos reis da Núbia, que agora está no norte do Sudão, ao sul do Egito. Pouco se sabe sobre os reis, que de repente apareceram na linha histórica, aproximadamente 800 AD. e conquistaram todo o Egito, antes de, eventualmente, desaparecerem no deserto.

‘Nós não temos nenhuma idéia de onde esses reis vieram,’ disse Emberling, pesquiador e cientista do Museu de Arqueologia Kelsey, da Universidade do Michigan. “Eles basicamente surgiram de lugar algum.”

Núbia, também conhecida como Kush, foi um dos primeiros centros de autoridade política, prosperidade e poder militar da África. Mas por causa da falta da informação sobre a Núbia, ela não tem sido parte de uma grande discussão sobre a ascensão e o declínio das civilizações, do jeito que o Egito e a Mesopotâmia têm.

A maior parte da pesquisa arqueológica tem se concentrado em túmulos e templos na capital da Núbia, El Kurru, disse Emberling.
“Existe uma verdadeira lacuna na escavação de colônias, onde você descobre o local onde as pessoas viviam no dia a dia”, ele disse. “Estou muito empolgado em preencher as informações que faltam nessa imagem”.

Emberling partiu para El Kurru na última semana de dezembro e planeja permanecer por seis semanas, trabalhando perto de uma extensão do Rio Nilo, que flui pelo Deserto do Saara.

“Eu espero voltar com uma boa idéia sobre onde estão os restos da cidade e poder mapeá-los o melhor possível,” disse ele.

Emberling tem uma idéia geral sobre onde escavar, baseado nas anotações de George Reisner, um arqueólogo americano que escavou as pirâmides Núbias em 1918-19. As notas de Reisner mencionaram uma longa parede da cidade com um portão de frente para o Nilo. Ele também disse que havia um grande poço que poderia ter sido parte de um palácio. Mas o local não foi escavado e desapareceu sob a areia.

“Um dos desafios é que, hoje, os restos da cidade estão completamente invisíveis no local,” disse Emberling. “Desde que Reisner só fazia isto nas suas anotações, não há nada para localizar onde qualquer vestígio estava”.

Emberling está trabalhando com arqueólogos da Dinamarca e do Sudão usando uma variedade de técnicas: imagens de satélite, pesquisas topográficas, magnetometria, perfuração geológica —inserindo um tubo no chão e extraindo uma coluna do solo.

“Talvez nós não achemos a cidade,” disse ele. “Talvez uma enchente do Nilo tenha destruído as coisas a esse grau. Talvez os restos eram bastante duráveis. Veremos”.

Restos da pirâmide de Piye. Crédito da imagem: Geoff EmberlingRestos da pirâmide de Piye. Crédito da imagem: Geoff EmberlingRecentemente, o Sudão é conhecido como um lugar de guerra civil e genocídio, e também como base para a Al Qaeda. Mas Emberling disse que apesar de todos os problemas e violência, os arqueólogos têm trabalhado sem interrupções na parte norte do país.

“Não é tão assustador quanto parece,” ele adicionou. “Eu estou amando trabalhar com os sudanêses”.

Emberling acrescentou que no geral, a arqueologia não é politizada no Sudão como em outros países.

“Nós podemos ser somente arqueólogos e focar em nossos trabalhos, sem nos preocuparmos como isso vai afetar as reivindicações de diferentes grupos étnicos ou limites territoriais, então isso é um alívio”.

 

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