Adolescentes usam menos drogas ilícitas em 2021, com continuação da pandemia da COVID-19
ANN ARBOR—Os declínios no uso de drogas ilícitas por adolescentes relatados em 2021 foram os maiores e mais abrangentes já registrados nos últimos 46 anos, de acordo com o estudo Monitoring the Future.
Uma equipe de professores do Instituto de Pesquisa Social, da Universidade de Michigan, conduz pesquisas anuais representativas em nível nacional de alunos da 8ª, 10ª e 12ª séries desde 1975.
A porcentagem de jovens que usaram qualquer outra droga ilícita além da maconha diminuiu mais de 25% em 2021. Especificamente, no 12º ano, esse percentual foi 27% menor em comparação com o ano anterior. No 10º ano, o declínio foi de 31%, e na 8ª série, a queda foi de 30%.
Colocando em contexto, na 12ª série, esta queda de um ano é três vezes maior do que o recorde anterior (uma queda de 9% em 2014), na 10ª série é mais do que o dobro do recorde anterior (uma queda de 13% em 2008 ), e na 8ª série é 50% maior do que o recorde anterior (uma queda de 19% em 2002). Em 2021, a porcentagem de estudantes que usaram uma droga ilícita diferente da maconha era de 13% na 12ª série e 9% nas 8ª e 10ª séries.
Declínios significativos no uso ocorreram em uma ampla gama de drogas, incluindo cocaína, alucinógenos e uso não médico de anfetaminas, tranquilizantes e opioides prescritos.
“Esses declínios são uma consequência não intencional da pandemia,” disse Richard Miech, principal investigador do estudo e professor pesquisador do Instituto de Pesquisa Social. “Entre as muitas interrupções que os adolescentes experimentaram como resultado da pandemia estão interrupções em sua habilidade de obter drogas, interrupções em sua habilidade de usar drogas fora da supervisão dos pais e interrupções em grupos de colegas que encorajam o uso de drogas.
“Como resultado, este ano, parece que uma porção considerável de adolescentes acabou não usando drogas. Essas quedas permanecerão com esses coortes à medida que envelhecem? É possível que esse retardo no início do uso de drogas diminua os níveis de consumo de drogas desses adolescentes para o resto de suas vidas. Isso poderia ser o caso se o início tardio da droga reduzir seu envolvimento com grupos de colegas que incentivam o uso de drogas e/ou esses adolescentes tiverem sido poupados de alterações psico-neurais que aumentem sua suscetibilidade para uso futuro de drogas.
“Em contrapartida, também é possível que essas quedas sejam passageiras, e o uso de drogas possa aumentar entre esses adolescentes, uma vez que estejam livres dos constrangimentos impostos pela pandemia. Teremos essas informações nos próximos anos, à medida que continuamos rastreando os padrões de uso de drogas desses coortes.
Declínios também ocorreram entre as três drogas mais comumente usadas na adolescência—maconha, álcool e vaporização de nicotina (ou cigarros eletrônicos). Em 2021, a proporção de pessoas que usaram maconha (o que não é legal para jovens menores de 21 anos) caiu 12% na 12ª série em comparação com o ano anterior, caindo para 39%. Na 10ª série, a proporção caiu 34% em relação ao nível do ano anterior, para 22%. Na 8ª série, a queda foi de 31%, para 10%.
Em 2021, a proporção de pessoas que usaram álcool (mais do que alguns goles) na 12ª série diminuiu 12% em relação ao ano anterior, caindo para 54%; no 10º ano, a proporção caiu em um quarto, para 35%; e na 8ª série caiu 15%, para 22% (o declínio da 8ª série não foi estatisticamente significativo).
A proporção de alunos do 12º ano em 2021 que já haviam vaporizado nicotina foi 13% menor em comparação com o ano anterior, caindo para 39%, e tanto no 10º quanto no 8º ano, o declínio foi de 27%, caindo para 28% e 17%, respectivamente.
Com o declínio da população estudantil que usou drogas, também houve quedas na proporção dos que as usaram nos últimos 12 meses e nos últimos 30 dias.
Mudanças no uso de drogas e saúde mental desde o início da pandemia
O Monitoring the Future também perguntou aos alunos como seu consumo de drogas havia mudado desde o início da pandemia, em março de 2020. Os alunos que disseram ter usado algum tipo de droga—nos últimos 12 meses em 2021—foram questionados se seu consumo diminuiu, permaneceu o mesmo ou aumentou desde o início da pandemia.
Adolescentes que haviam usado vaporizadores nos últimos 12 meses, tanto para consumo de nicotina quanto de maconha, relataram que seus níveis de consumo não mudaram desde o início da pandemia. O mesmo resultado para jovens da 8ª, 10ª e 12ª séries. Isso sugere que a interrupção não desempenhou um grande papel nas quedas gerais substanciais na vaporização de nicotina nos últimos 12 meses em 2021, disse Miech. Em vez disso, os declínios provavelmente resultam da queda no número de jovens que começaram a usar vaporizadores em 2021, conforme indicado pelos grandes declínios no uso ao longo da vida.
Os alunos relataram queda no uso de outras drogas, entre aqueles que as usaram nos últimos 12 meses. Essas drogas incluem álcool, cigarros, maconha comestível e uso não médico de opioides, sedativos, tranquilizantes e anfetaminas. Os resultados sugerem que tanto a interrupção quanto a diminuição da iniciação contribuíram para o declínio de 2021 no uso dessas drogas.
Os adolescentes também relataram aumentos nos problemas de saúde mental desde o início da pandemia. Em 2021, todos os alunos foram questionados se eles experimentaram aumentos ou diminuições em se “sentir ansioso”, “sentir com raiva”, “sentir aborrecido ou irritado”, “sentir entediado”, “sentir triste”, “sentir solitário”, “sentir deprimido”, “sentir preocupado”, ou com “dificuldades para dormir”, “dificuldades para se interessar pelas atividades normais” e “dificuldade para se concentrar”.
Como um todo, os alunos relataram aumentos significativos para cada uma dessas medidas de saúde mental, nas três séries. Estes resultados apontam para problemas de saúde mental relacionados à pandemia entre adolescentes que requerem consideração por parte dos pais, escolas e todas as pessoas que trabalham com adolescentes, disse Miech. Além disso, os resultados levantam a possibilidade de que a pandemia possa causar um impacto duradouro na saúde mental dos adolescentes de hoje, mesmo depois que ela diminuir.
Essa pesquisa é financiada pelo Instituto Nacional de Abuso de Drogas, parte dos Institutos Nacionais da Saúde.