Capacidade de parar de fumar difere por raça
ANN ARBOR — Quando se trata de parar de fumar, os latinos e os afro-americanos mais velhos têm vantagens sobre os brancos, de acordo com pesquisador da Universidade de Michigan.
Em um estudo com quase 3.000 fumantes, os pesquisadores das escolas de Saúde Pública da U-M e da Universidade do Texas descobriram que os latinos e os negros são mais propensos que os brancos a parar de fumar com êxito, depois de 20 anos. A taxa de pessoas que deixaram o cigarro foi cerca de 20 e 50 por cento maior para os negros e latinos, respectivamente, em comparação com os brancos.
“Enquanto a juventude negra tem menor tendência ao fumo que jovens brancos, esta diferença quase desaparece na idade adulta, porque os negros começam a fumar mais tarde que os brancos,” disse o médico Shervin Assari, do Centro de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Saúde e do Departamento de Psiquiatria da U-M. “A crença geral é que os fumantes negros são menos propensos a parar de fumar. Nosso estudo questiona tal uma suposição tradicional, mostrando que, depois dos 50 anos, os negros são mais propensos a largar o vício.”
Os investigadores disseram que o “grau” do vício teve impacto na facilidade ou não de abandonar o cigarro.
“A explicação foi que os negros e os latinos são fumantes mais leves e por isso fica mais fácil parar de fumar. O sucesso é maior,” disse o principal autor da pesquisa, Frank Bandiera, professor de Epidemiologia, Genética Humana e Ciências do Ambiente da Escola de Saúde Pública da UT.
Em média, os brancos que participaram do estudo fumavam 23 cigarros por dia, comparado a 16 para os latinos e 13 para afro-americanos.
Os pesquisadores usaram dados do Estudo Longitudinal sobre Saúde e Aposentadoria (1992-2012), conduzido pelo Instituto de Pesquisa Social da U-M. A pesquisa utilizou uma amostra nacionalmente representativa de adultos, nascidos nos Estados Unidos, entre os anos de 1931 e 1941.
Os pesquisadores reuniram informações sobre tabagismo na linha de base e depois a cada dois anos. Depois de 10 anos, o índice de latinos que deixaram de ser fumantes mudou significativamente para 52%, em comparação com 46%, em média, para os brancos. A taxa de fumantes negros que largaram o cigarro não superou a dos brancos até depois de 20 anos.
“A taxa mais alta de ex-fumantes bem sucedidos entre os latinos e os negros podem explicar por que as taxas de mortalidade são inferiores entre os latinos e os brancos, e por que a diferença da taxa de mortalidade entre os negros e brancos está se aproximando,” Bandiera disse.
Uma pesquisa anterior mostrou que os negros têm saúde mais precária e morrem mais cedo que os brancos devido a uma série de condições de saúde e circunstâncias da vida.
“Pesquisadores em disparidades de saúde têm tradicionalmente conceitualizado que a população minoritária apresenta mais problemas com adversidade, riscos e vulnerabilidade. Ser minoria, no entanto, tem um outro lado, a resiliência,” Assari disse. “Como este estudo mostra, quando se trata de drogas e substâncias, muitos resultados provam que são os brancos — não os negros — que estão em maior risco e vulnerabilidade.”
Os pesquisadores dizem que os resultados que mostram que os fumantes leves têm mais sucesso para parar de fumar é um dado promissor nos esforços de cessação do tabagismo, considerando que, em geral, os fumantes americanos têm constantemente reduzido o número de cigarros que consomem diariamente.