Difícil recuperação econômica após desastres naturais
ANN ARBOR — Devastações seguidas de catástrofes naturais, perda de vidas e destruição de propriedades, uma nova pesquisa mostra que os efeitos econômicos podem ser duradouros e negativos sobre as comunidades.
Grandes choques causados por furacões como o Katrina e Sandy, ou a tragédia após o rompimento da barragem da Samarco em Mariana, ganham todas as manchetes e também a atenção de estudiosos. Além de analisarem os desastres de maior relevância, pesquisadores da Universidade de Michigan, de Princeton, da Universidade do Sul da Califórnia e da Universidade da Califórnia, também estudaram desastres menores ao longo de quase um século.
Criando um conjunto de dados de mais de 5.000 calamidades naturais nos Estados Unidos, entre 1920 e 2010, utilizando informações da Cruz Vermelha e da Agência de Gestão de Emergência Federal, os pesquisadores descobriram que é preciso uma catástrofe de grande proporções para afastar as pessoas das suas comunidades.
“A mudança climática deverá aumentar o número e a gravidade dos desastres naturais, por isso é importante entender como eles afetam a economia,” disse Paul Rhode, professor de Economia da Universidade de Michigan e co-autor do estudo.
Em conjunto com seus colaboradores, Rhode descobriu que municípios atingidos por graves desastres enfrentam maior êxodo, maiores quedas nos preços das casas e maiores taxas de pobreza.
Uma menor demanda de viver em uma área devido a catástrofes naturais persistentes leva a queda de rendas e age como um ímã de pobreza, segundo os pesquisadores. Essa dinâmica é particularmente evidente nas áreas que enfrentam um alto risco de desastres ou a falta de outras vantagens de produtividade.
O número total de desastres declarados não tem efeito sobre os preços de habitação locais e rendas, apesar de incentivar uma quantidade moderada de emigração. Ainda, a ocorrência de uma catástrofe super grave diminui em 6% os preços da habitação e as rendas em 3%.
Enquanto cada desastre declarado reduz ligeiramente a área pobreza, a ocorrência de um desastre grave aumenta a taxa de pobreza local em 1,1 pontos percentuais.
“O abandono de casas em resposta às catástrofes naturais foram maiores nas últimas décadas, apesar das intervenções da FEMA, talvez porque os eventos de desastres têm aumentado ao longo do tempo,” disse Rhode.
Entre 1920-1980, cerca de 500 eventos separados ocorreram em um determinado ano nos Estados Unidos. De 1980 até agora, houve um claro aumento no número de desastres, atingindo cerca de 1.500 eventos por ano na década de 2000.
Desastres são predominantes em toda a Flórida e no Golfo do México, uma área normalmente atingida por furacões; New England e a Costa Atlântica são locais agredidos por tempestades de inverno; o centro-oeste é uma região propensa a furacões; e a área que permeia o Rio Mississipi é uma zona sujeita a inundações recorrentes.
Quando um região sofre um desastre a mais que a média, sua taxa de emigração aumenta em 1 ponto percentual. Vulcões, furacões e incêndios florestais estimularam uma migração mais alta. O efeito de uma catástrofe super grave é duas vezes maior que a resposta a um desastre mais leve.
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