Estudo levanta dúvidas sobre a segurança de algumas pílulas anticoncepcionais

junho 27, 2017
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ANN ARBOR – Nova pesquisa sobre como as pílulas anticoncepcionais afetam o nível de hormônios no soro do sangue das mulheres encontrou níveis muito mais elevados de hormônios em mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais, em comparação com as mulheres que não o fazem.

O estudo da Universidade de Michigan foi motivado pela evidência de que o risco de câncer de mama aumenta com a exposição hormonal. Os autores examinaram sete pílulas anticoncepcionais comumente prescritas e descobriram que quatro composições mais que quadruplicam os níveis de progestina, uma versão sintética do hormônio progesterona. Uma outra composição resultou em uma exposição 40% maior ao etinilestradiol, uma versão sintética do estrogênio.

A autora principal do estudo e bióloga que estuda evolução humana, Beverly Strassmann, enfatiza que o controle de natalidade melhorou consideravelmente a vida das mulheres. Mas, ela diz, também é importante projetar pílulas anticoncepcionais que não contribuam para o risco de câncer de mama. Nas mulheres americanas, o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum e a segunda principal causa de morte.

“Nenhuma grande mudança aconteceu ao longo das últimas gerações dessas drogas, e dado o número de pessoas que se utilizam do controle de natalidade hormonal em todo o mundo – milhões – a indústria farmacêutica não deve descansar com suas conquistas”, disse Strassmann, também professora de Antropologia do Instituto para Pesquisas Sociais da U-M.

O progesterona e o estrogênio são ambos produzidos pelos ovários e seus níveis variam naturalmente ao longo do ciclo menstrual. A pílula substitui estes hormônios liberados naturalmente com versões sintéticas. O objetivo do estudo foi testar se as versões sintéticas aumentaram ou diminuíram a exposição hormonal em comparação com o que as mulheres poderiam obter de seus próprios ovários.

“É incrível que isso ainda não tenha sido respondido, considerando que já sabemos que existe uma correlação entre exposição hormonal e risco de câncer de mama”, disse Strassmann.

A pesquisa de Strassman reuniu dados de 12 estudos diferentes que mediram a quantidade de estrogênio e progesterona durante o ciclo menstrual em mulheres que não tomam pílula.

Strassmann e seus co-autores compararam os níveis totais de estrogênio e progesterona nessas mulheres com os níveis totais de hormônios sintéticos, progestágenos e estradiol, em mulheres que tomaram uma das várias pílulas anticoncepcionais comumente prescritas durante 28 dias. Essa informação foi retirada das inserções da embalagem para cada composição contraceptiva.

O novo estudo acompanha a pesquisa anterior de Strassmann sobre menstruação e biologia reprodutiva na população de Dogon de Mali, África Ocidental. As mulheres Dogon raramente praticam controle de natalidade, têm uma média de nove gestações e, muitas vezes, amamentam crianças até 2 anos.

Como a gravidez e a amamentação suprimem a ovulação, as mulheres Dogon têm apenas cerca de 100 períodos menstruais durante a vida. Esse número é um contraste acentuado com os 400 períodos experimentados, em média, por mulheres ocidentalizadas que têm cerca de dois filhos e raramente amamentam por mais de um ano.

“O aumento do número de menstruações está associado ao aumento da exposição hormonal e ao risco de câncer de mama”, disse Strassmann. “É extremamente importante saber se a contracepção hormonal agrava ainda mais esse risco”.

Estudo
Beverly Strassmann