Exposição de mulheres a pesticidas durante gravidez pode afetar padrão de sono de adolescentes
A exposição de uma mulher a certos pesticidas durante a gravidez pode afetar o sono de suas filhas durante a adolescência, de acordo com um novo estudo da Universidade de Michigan.
“Embora a exposição não ocupacional a pesticidas seja amplamente conhecida por ocorrer através de produtos químicos usados para repelir insetos em casa, a exposição também pode ocorrer por outras vias, como a dieta,” disse Astrid Zamora, autora e estudante de doutorado na Escola de Saúde Pública. “Nosso estudo mostra que a exposição precoce a pesticidas antes do nascimento pode ter efeitos duradouros na saúde do sono do adolescente.”
Enquanto outros estudos analisaram o impacto de outros produtos químicos no sono, incluindo o chumbo, pouco se sabe sobre o impacto dos pesticidas no sono dos filhos, disse Zamora. Pesquisas anteriores mostram que os pesticidas podem funcionar como desreguladores endócrinos que bloqueiam os hormônios, incluindo a melatonina.
“A melatonina é importante para o sono, então queríamos ver se a exposição durante a gestação poderia estar relacionada ao sono”, disse Zamora.
Para saber como as exposições ambientais afetam mulheres grávidas e crianças, os pesquisadores usaram dados da coorte de exposições precoces no México a toxicantes ambientais que acompanhou mulheres na Cidade do México por duas décadas.
Eles mediram dois pesticidas de amostras de urina de 137 mulheres, coletadas durante o terceiro trimestre de gravidez, e então conduziram um estudo do sono da prole das mulheres durante a adolescência.
Zamora e colegas descobriram que a exposição materna no útero a clorpirifós, mas não piretróides, estava associada a maior duração do sono e mais tarde no meio do sono (um marcador de tempo de sono) entre os filhos adolescentes—mas apenas entre as meninas.
Embora normalmente consideremos uma duração de sono mais longa como desejável, é importante em estudos de acompanhamento determinar as razões por trás do sono mais longo. Como os dispositivos de actigrafia usados para medir o sono não conseguem distinguir, com eficácia, entre dormir e apenas ficar deitada, pode ser que as meninas com maior duração do sono estejam tendo dificuldades para adormecer ou permanecer dormindo.
“No geral, esses resultados são de importância para a saúde pública, considerando o contínuo uso agrícola generalizado e possivelmente residencial de piretróides e clorpirifós no México,” disse Zamora.
Alguns estudos com amostras maiores e outros avaliando pesticidas não regulamentados são necessários para entender melhor essa associação, bem como os mecanismos subjacentes que explicam as diferenças entre os sexos, disse ela.
Os principais pesquisadores do estudo são Karen Peterson, professora e presidente do Departamento de Ciências Nutricionais da Escola de Saúde Pública da UM, e Martha Tellez-Rojo, do Instituto Nacional de Saúde Pública do México.
Mais informações:
- Estudo: Exposição materna pré-natal a pesticidas em relação à saúde do sono da prole durante a adolescência. (Em inglês: Study: Prenatal maternal pesticide exposure in relation to sleep health of offspring during adolescence).