Flagrados na Selva: Câmeras escondidas trazem esperança aos esforços de conservação

Um tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) no Parque Nacional de Yasuní, no Equador. Crédito da imagem: Julia Salvador, TEAM Network e Missouri Botanical GardenUm tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) no Parque Nacional de Yasuní, no Equador. Crédito da imagem: Julia Salvador, TEAM Network e Missouri Botanical GardenANN ARBOR — Um jaguar, com um belo casaco manchado, carrega um pequeno bicho capturado na exuberante Floresta Nacional de Caxiuanã, no Pará, Brasil. Um tamanduá trota pelo Parque Nacional Yasuní, no Equador. Os olhos brilhantes de um gato dourado parecem lâmpadas enquanto ele vagueia durante à noite, em uma selva de Uganda.

Estes foram apenas alguns dos animais fotografados por cerca 1.000 “câmeras escondidas” colocadas em áreas de floresta tropical protegida na América Latina, África e sudeste da Ásia. As quase 2,5 milhões de fotos foram tiradas em oito anos e fazem parte de um estudo que descobriu que a biodiversidade nestas florestas pode estar melhor do que se pensava anteriormente. Os parques parecem estar protegendo os animais.

“Agora temos uma perspectiva global do que está acontecendo nestes ecossistemas,” disse Lydia Beaudrot, ecologista e bióloga de conservação da Universidade de Michigan. Ela é a principal autora do novo estudo publicado na revista científica PLOS Biology.

Imagens de dois cães do mato, raramente vistos (Speothos venaticus) são capturada pela primeira vez no parque de Nacional Yanachaga-Chemillén, no Peru, pelas câmeras fotográficas da equipe. Crédito da imagem: TEAM Network e Missouri Botanical GardenImagens de dois cães do mato, raramente vistos (Speothos venaticus) são capturada pela primeira vez no parque de Nacional Yanachaga-Chemillén, no Peru, pelas câmeras fotográficas da equipe. Crédito da imagem: TEAM Network e Missouri Botanical GardenOs investigadores monitoraram 244 espécies de mamíferos e aves, incluindo elefantes, chimpanzés e leopardos. Eles descobriram que 17 por cento dos animais aumentaram em número, enquanto que 22 por cento permaneceram o mesmo e 22 por cento estão em número menor.

“Nossos resultados sugerem que áreas protegidas de floresta tropicais estão apoiando as comunidades estáveis de mamíferos terrestres e aves, o que é uma boa notícia para a conservação,” disse Beaudrot. “Este é um resultado surpreendente, porque estudos anteriores com base nas opiniões de especialistas sugeriram que muitas áreas de floresta tropical protegida estavam falhando.”

As câmeras foram anexadas nas árvores cerca de um metro do chão e espaçadas ao longo de grandes áreas. Quando os animais passavam, eles acionaram a câmera e tiravam uma foto. Muitas das criaturas pareciam estar curiosamente olhando direto para a lente. “É como “câmera oculta” em uma floresta tropical,” disse Beaudrot.

Metade dos parques eram da América Latina, enquanto um terço eram da África e o restante do sudeste da Ásia.

Dados do estudo foram reunidos por pesquisadores do Tropical Ecology Assessment and Monitoring Network (TEAM), uma coalizão fundada em 2007 que inclui a Conservation International, a Wildlife Conservation Society e o Instituto de Pesquisa Tropical Smithsonian.

“Em um momento em que as preocupações ambientais têm um lugar central, esses resultados mostram que as áreas protegidas desempenham um papel importante na manutenção da biodiversidade,” disse Jorge Ahumada, coautor da pesquisa. “Nosso estudo reflete uma visão mais otimista sobre a eficácia das áreas protegidas.”

Gato dourado Africano (Caracal aurata). Pesquisadores da equipe viram um aumento na detecção desta espécie quando os gestores do Parque Nacional Impenetrável de Bwindi, em Uganda. Gestores do parque notaram que esses locais eram fortemente traficados por ecoturistas e viajantes para caminhos alternativos. Crédito da imagem: TEAM Network e Wildlife Conservation SocietyGato dourado Africano (Caracal aurata). Pesquisadores da equipe viram um aumento na detecção desta espécie quando os gestores do Parque Nacional Impenetrável de Bwindi, em Uganda. Gestores do parque notaram que esses locais eram fortemente traficados por ecoturistas e viajantes para caminhos alternativos. Crédito da imagem: TEAM Network e Wildlife Conservation SocietyEle acrescentou, “pela primeira vez não estamos dependendo de fontes de dados díspares, mas prefiro usar dados primários coletados de forma padronizada através de uma gama de áreas protegidas em todo o mundo. Com esses dados, criamos um recurso público que pode ser usado por governos ou por outras comunidades de conservação para informar decisões.”

Os pesquisadores advertem que as perdas de animais selvagens ainda podem estar ocorrendo nas áreas protegidas que foram estudadas. Foram observados declínios nas populações numerosas, e muitas outras populações não foram capturadas pelas câmeras para que fosse possível uma avaliação informativa o suficiente. Esta pesquisa não inclui áreas de floresta tropical desprotegida, que podem ter taxas mais elevadas de espécies em declínio, devido a diferenças na gestão e porque podem ser ameaçadas pelo aumento da pressão dos seres humanos.

Os dados do estudo já estão sendo usados para informar a gestão dos monitores das áreas protegidas da TEAM. A equipe identificou, no Parque Nacional Impenetrável de Bwindi, em Uganda, um declínio na área ocupada pelo gato dourado africano, reconhecido como uma espécie vulnerável pela União Internacional para a conservação da natureza. Gestores do parque notaram que esses locais eram fortemente traficados por ecoturistas e viajantes para caminhos alternativos. Desde que essas ações de gestão entraram em vigor, está sendo registrado um aumento na detecção do gato dourado africano.

Beaudrot disse, ‘é muito importante para atingir os objetivos de conservação global que continuemos a monitorar estas áreas protegidas.”

PLOS Biology study
TEAM project
Lydia Beaudrot