Gravidez indesejada: uma nova conversa é necessária

fevereiro 27, 2017
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Gravidez indesejada: uma nova conversa é necessária ANN ARBOR – Ao contrário do pensamento predominante, mães com nível de educação mais alto, desde quando mais novas, têm maior probabilidade de ter seu primeiro filho fruto de uma gravidez não planejada, segundo estudo da Universidade de Michigan.

Por quase quatro décadas, defensores do planejamento familiar têm focado nas mulheres com menos educação e mais pobres para os programas destinados à redução dos nascimentos não intencionais. O estudo da U-M dá mais profundidade à discussão examinando se a vantagem educacional recebida na juventude está ligada à gravidez indesejada – definida como ocorrendo muito cedo ou quando não é desejada.

As descobertas sugerem que o aumento da educação e o acesso à contracepção moderna para reduzir a gravidez indesejada podem não ser a resposta definitiva.

“A maneira atual em que olhamos a gravidez planejada, que se concentra em grande parte sobre se as mulheres estão usando ou não métodos contraceptivos, especificamente os reversíveis de longa duração, está perdendo o foco”, disse Akilah Wise, que terminou a pesquisa como doutoranda na Escola de Saúde Pública da U-M, trabalhando com o Centro de Estudos de População no Instituto de Pesquisa Social.

“Se queremos compreender completamente as causas da gravidez indesejada, precisamos examinar mais profundamente como os fatores de intenção – incluindo os processos de pensamento e motivações para prevenir a gravidez – estão ligados à vantagem educacional precoce, a oportunidades estruturais e a outros fatores que influenciam o modo como cada mulher vê a gravidez em relação ao seu futuro pessoal como profissional, parceira e membro da comunidade.”

Ao expandir o quadro utilizado para conceituar e estudar a gravidez indesejada, Wise e seus colaboradores ampliaram a conversa para permitir considerações mais abrangentes, para além do acesso ao ensino do planejamento familiar e da contracepção. Os pesquisadores também desafiam suposições tradicionais sobre quem enfrenta a gravidez não intencional.

Reduzir a gravidez não intencional tem sido uma prioridade de saúde pública desde 1980. No entanto, hoje, quase metade das gravidezes neste país são classificadas como não intencionais, dizem os pesquisadores.

Wise e suas colaboradores usaram a Pesquisa Nacional Longitudinal da Juventude, iniciada em 1979, para analisar uma amostra de mais de 3.000 mulheres negras e brancas que deram à luz a seus primeiros bebês em 1994. A média de idade das entrevistadas era de pouco menos de 24 anos quando deu à luz .

Wise diz que as descobertas da equipe parecem contra-intuitivas, mas fazem sentido ao pensar sobre o que motiva as mulheres a engravidar e quando.

“As mulheres com mais vantagens educacionais têm acesso a oportunidades que garantem suas conquistas, mas também exigem uma prevenção mais vigilante da gravidez.” Se uma mulher tem o desejo e a oportunidade de ser uma médica ou advogada, então é mais provável que ela atrase a gravidez,” ela disse, explicando que um nascimento que atrapalha tais planos provavelmente seria descrito como não intencional, mesmo se a mãe quer ter filhos em algum momento.

“Por outro lado, para as mulheres que têm menos vantagens educacionais, portanto menos oportunidades que exigem atraso na gravidez, se tornar mãe não interrompe esses planos. De fato, se tornar mãe pode ser uma meta desejada em vez de outras oportunidades que estão fora do alcance dela. “

A implicação política inicial, diz Wise, é que os programas que se concentram em saúde reprodutiva e planejamento familiar devem prestar mais atenção ao que realmente cria um ambiente saudável de apoio para todas as mulheres que experimentam a maternidade.

 

Estudo
Akilah Wise