Palmada faz mais mal do que bem

abril 27, 2016
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Um pai está olhando para uma criança no chão. (Imagem)ANN ARBOR – Uma análise de 50 anos de pesquisa comprova que não há evidência alguma que a palmada faz qualquer bem para as crianças. Em vez disso, aumenta o risco de resultados negativos.

Especialistas da Universidade de Michigan e da Universidade do Texas avaliaram 75 estudos, realizados nas últimas décadas, envolvendo mais de 160.000 crianças, que demonstraram aumento de sinais de agressão, problemas de saúde mental e dificuldades cognitivas.

Dar palmadas nas crianças para corrigir o mal comportamento é uma prática generalizada por muitos pais, mas há ainda um grande debate sobre sua eficácia e adequação.

“Nossa análise se concentra no que a maioria dos americanos reconhecem como “palmadas” e não sobre comportamentos potencialmente abusivos”, disse Elizabeth Gershoff, professora associado de Desenvolvimento Humano e Ciências da Família da Universidade do Texas.

“Descobrimos que a palmada foi associada a resultados negativos não intencionais e não a um acatamento e respeito mais imediato ou a longo prazo, que são os resultados desejados pelos pais quando eles disciplinam seus filhos.”

Gershoff e o coautor Andrew Grogan-Kaylor, professor associado da Escola de Serviço Social da Universidade de Michigan, descobriram que as palmadas (definidas como um tapa de mão aberta no traseiro ou extremidades) foram significativamente associadas a resultados negativos.

“A conclusão do estudo é que a palmada aumenta a probabilidade de uma grande variedade de resultados indesejados para crianças”, disse Grogan-Kaylor. “Sendo assim, uma palmada, faz o oposto do que os pais geralmente querem que faça.”

Os pesquisadores também testaram os efeitos de longo prazo entre os adultos que levaram palmadas quando crianças. Eles descobriram que quanto mais eles apanharam, mais apresentaram chances de ter um comportamento antissocial e problemas de saúde mental.

Eles também apresentaram uma maior propensão em apoiar o castigo físico para os seus próprios filhos, o que fortalece a tese de que as atitudes de punição física são passadas de geração em geração, disseram os pesquisadores.

“Como sociedade, nós achamos que palmadas e abusos físicos são comportamentos distintos”, disse Gershoff, que já foi professor na U-M. “No entanto, nossa pesquisa mostra que a palmada está ligada aos mesmos resultados negativos da criança que sofre abuso, apenas com um grau um pouco menor.”

Nos EUA, ao longo dos anos, houve um pequeno declínio do número de pais que apoia as palmadas, disse Grogan-Kaylor. Enquanto isso, há um movimento muito maior em nível mundial para proibir a punição corporal, disse ele.

O estudo foi publicado no Journal of Family Psychology.

Andrew Grogan-Kaylor