Pessoas que vivem em lugares lotados preferem ritmo mais lento

fevereiro 15, 2017
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people-living-in-a-crowded-place-prefer-slower-pace-orig-20170215ANN ARBOR – As multidões, a concorrência por menos recursos e o alto custo de vida podem levar algumas pessoas a pensar duas vezes sobre morar em áreas densamente povoadas.

Mas um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Michigan e da Universidade Estadual do Arizona (UEA) indica que essas áreas podem levar as pessoas a adotarem uma abordagem mais lenta, resultando em benefícios na vida depois de um tempo, quando tiverem mais idade. .

Seis estudos, que analisaram os efeitos psicológicos da densidade populacional, mostraram que as pessoas que vivem em ambientes lotados apresentaram um perfil psicológico conhecido como “estratégia da vida lenta”, que inclui planejar o futuro, investir mais na educação, preferindo relacionamentos românticos de longo prazo, se casando mais tarde e tendo menos filhos.

Oliver Sng, pesquisador e pós-doutorado do Departamento de Psicologia da U-M, disse que a “estratégia da vida lenta” ajuda os indivíduos a se adaptarem a altos níveis de competição social. Segundo as pesquisas, esses comportamentos geram melhores benefícios no futuro, mas pouco ou nenhum no presente. Por outro lado, uma “estratégia de vida rápida” se concentra no presente quando o futuro é menos previsível e a sobrevivência é mais incerta, disse ele.

“A densidade social do ambiente onde vive pode moldar o comportamentos de uma pessoa de maneira inesperada, como por exemplo, fazer com que ela planeje melhor o futuro”, disse Sng, principal autor do estudo.

Com o crescimento mundial da população, faltam pesquisas da última década, sobre os efeitos psicológicos da densidade populacional e de como viver em ambientes lotados pode influenciar muitos aspectos do comportamento das pessoas.

Nesses estudos, realizados entre 2014 e 2016, os pesquisadores se concentraram em dados globais e nacionais, como também em experiências de estudantes universitários e pessoas mais velhas.

Os pesquisadores reuniram dados sobre a densidade populacional, além de outras descobertas sobre hábitos sexuais, expectativa de vida e educação infantil. As pessoas que vivem em países densos e em estados mais populosos nos EUA, faziam planos mais para o futuro, tinham menos filhos, baixas taxas de nascimento prematuro, se demonstraram mais propensas a enviar seus filhos para a pré-escola e tinham maior expectativa de vida.

Nos experimentos, tanto os estudantes universitários quanto os adultos com mais idade, foram questionados sobre suas preferências com respeito aos seus parceiros e à parentalidade, depois de terem lido um artigo sobre o aumento do crescimento populacional nos EUA.

Sob a percepção da densidade crescente, os estudantes universitários mudaram para uma estratégia mais lenta na hora de encontrar um parceiro. Eles disseram preferir um menor número de relacionamentos mais estáveis, ao invés de muitos e casuais. Em comparação, os adultos mais velhos que acreditavam que a população tinha aumentado preferiram ter menos filhos e investir mais em cada criança.

“Com a população mundial crescendo, é mais importante do que nunca, entender os efeitos psicológicos da superlotação e como a vida em ambientes lotados pode influenciar os comportamentos das pessoas”, disse Steven Neuberg, pesquisador da UEA. “Aplicar uma nova perspectiva a uma velha questão é nos permitir reexaminar os efeitos da vida dos ambientes lotados”.

Os resultados aparecem na edição online do Journal of Personality and Social Psychology.

Oliver Sng